Finalidade das comunicações dos Espíritos

Os Espíritos são as almas dos homens que desencarnaram e retornaram ao mundo espiritual. Através da mediunidade, estes podem entrar em contato com o mundo material, utilizando um intermediário que conhecemos como médium. Allan Kardec nos apresenta a Escala Espírita onde nos esclarece que “A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se.”¹

 Portanto, as comunicações dos Espíritos vão variar de acordo com o grau de adiantamento moral e intelectual de cada um, de forma similar as comunicações dos homens de nossa sociedade. “Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição. ”¹

A finalidade das comunicações pode ser perfeitamente ser conhecida pela linguagem dos Espíritos comunicantes. A grosseria das expressões, a frivolidade, a baixeza das frases, a falta de aprofundamento de ideias, as comunicações maliciosas, ou aquelas que se apegam as coisas deste mundo, podemos inferir que são advindas de Espíritos inferiores. Seriam as comunicações grosseiras ou frívolas, explicitadas por Kardec no estudo sobre a Natureza das Comunicações dos Espíritos ².  Allan Kardec, também nos orienta a respeito das comunicações sérias, mesmo advindas de Espíritos imperfeitos, pois ele define as comunicações sérias, como – “são as que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, tendo uma finalidade útil, mesmo que de interesse particular, é naturalmente séria, mas nem por isso está sempre isenta de erros. Os Espíritos sérios não são todos igualmente esclarecidos. ”²

Finalmente, Allan Kardec nos fala das comunicações instrutivas: – “são as comunicações sérias que têm por finalidade principal algum ensinamento dado pelos Espíritos sobre as Ciências, a Moral, a Filosofia, etc. Sua maior ou menor profundidade dependem do grau de elevação e de desmaterialização do Espírito”². Muitas destas comunicações buscam inspirar bons pensamentos, desviando os homens da senda do mal, protegendo seus tutelados. É comum percebermos uma linguagem digna, envolvida pela benevolência, elevada e as vezes sublime.

É, pois, necessário distinguir as “comunicações verdadeiramente sérias das comunicações falsamente sérias, o que nem sempre é fácil, porque é graças à própria gravidade da linguagem que certos Espíritos presunçosos ou pseudo -sábios tentam impor as ideias quais falsas e os sistemas mais absurdos. E para se fazerem mais aceitos e se darem maior importância, eles não têm escrúpulo de se adornar com os nomes mais respeitáveis e mesmo os mais venerados ”². Este é um dos maiores escolhos da prática mediúnica. É por isso que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam sem cessar que submetamos todas as comunicações ao controle da razão e da lógica mais severa.

Porém, o ponto essencial das comunicações dos Espíritos, independente do conteúdo da mensagem, e também do nível de evolução dos Espíritos comunicantes, é que estas comunicações são as provas incontestes da existência e da natureza do mundo espiritual, bem como as relações com o nosso mundo, e segundo o próprio Allan Kardec em suas pesquisas científicas iniciais, nas quais percebeu que as comunicações dos Espíritos iriam legar a humanidade uma revolução no pensamento humano e consequentemente uma revolução moral da humanidade. – “Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças… ”³

Jesus nos abençoe.

Ladimir Freitas

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: Segunda Parte – Cap. I – Dos Espíritos – questão 100. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

2 KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns: Segunda Parte – Cap. X – Da Natureza das Comunicações. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

3 KARDEC, Allan. Obras Póstumas: Cap. X – A minha primeira iniciação no Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2005.