Dias da Cruz (Pai)

Francisco de Menezes Dias Da Cruz nasceu em 10 de fevereiro de 1826, na capital do Império do Brasil, na época Rio de Janeiro. Foi filho de família humilde, o pai se chamava Polycarpo Dias da Cruz, um modesto relojoeiro na rua da Carioca no Rio de Janeiro. 

Recém casado com Rosa de Lima Dias da Cruz, Dias da Cruz era grande simpatizante da Doutrina espírita.

A vivacidade do seu espírito delineou seu destino, sendo encaminhado por seu pai para as letras e para a homeopatia, na qual conquistou de degrau a degrau  o título de doutor em Medicina.

Grande estudioso tinha uma aprimorada cultura humanística e filosófica. Obteve uma cadeira em Patologia Geral na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde foi professor. Foi fundador da enfermaria Sant’Anna na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

Em 1875, publicou “Compêndio de Patologia Geral” para uso de sua cadeira na Faculdade de Medicina.

Também escreveu: “Breves considerações sobre a força nervosa” (1846), “Juízo crítico sobre a doutrina médica italiana” (1852), “Tratamento de choleramorbus” (1856), “Memória histórica dos acontecimentos notáveis, ocorridos no Ano de 1862 na Faculdade de Medicina do RJ” (1863), “Relatório da enfermaria de Sant’Anna, estabelecida pelo governo imperial para tratamento dos doentes de febre amarela” (1876).

Escreveu para os jornais “Diário do Povo” (1867 a 1869) e “A Reforma” (1869 a 1879). Com essa folha, que redigiu com outros amigos até a época do seu desencarne, organizou o Clube da Reforma do qual era nessa época secretário.

Coração generoso de elevadas qualidades de caráter, de notáveis sentimentos de piedade humana, captou a simpatia popular e a de D. Pedro II que o agraciou com a Imperial Comenda da Ordem da Rosa, depois de haver Dr. Dias da Cruz superado um violento surto epidêmico de febre amarela no Rio de Janeiro. Foi também Cavalheiro da Ordem de Cristo, de Portugal.

Exerceu diversos cargos como político sendo vereador, deputado pelo município neutro na 13ª legislatura e chefe do Partido Liberal.

Em 1877, enquanto presidia a sessão eleitoral na igreja do Sacramento, o templo  foi invadido pelas forças armadas. Com a mão sobre a urna, lançou enérgica intimativa para que os violadores da liberdade do voto se retirassem, criticando o ato, até que o seu corpo baqueou com um golpe de baioneta de um dos armados. Sobreviveu ao ataque. Ficou prostrado ao leito durante um ano em consequência da gravíssima lesão recebida e em 26 de maio de 1878 desencarnou.

Foi de uma caridade excessiva e por isso morreu pobre, mas cercado de afeições sinceras. As homenagens tributadas a Dias da Cruz tiveram o significado de uma consagração do povo, a quem amou e serviu. Seu corpo foi conduzido nos braços dos seus admiradores desde o Largo do Roco, hoje Praça Tiradentes, até o cemitério do Caju.

Publicação feita e distribuída pelo Instituto Espírita Dias da Cruz em 27 de janeiro de 1957, pela passagem de seus 50 anos de trabalho e “Dicionário Bibliográfico Brasileiro” RJ/1895, pág. 47 e 48.