Mediunidade de efeitos físicos e cura espiritual

A mediunidade de efeitos físicos é definida por Kardec como uma mediunidade que se manifesta por efeitos sensíveis, tais como ruídos, movimentos e deslocamento de corpos sólidos. Umas são espontâneas, isto é, independem da vontade de quem quer que seja; outras podem ser provocadas. O efeito mais simples, e um dos primeiros que foram observados, foi o movimento das mesas chamadas posteriormente de “mesas girantes”. De uma ou outra forma, para que o fenômeno se produza, é necessária a intervenção de um ou mais pessoas dotadas de especial aptidão denominadas médiuns de efeito físicos.

Mas como pode um Espirito produzir o movimento de um corpo solido?

Essa foi exatamente a pergunta formulada por Kardec aos Espíritos que assim a responderam: “Combinando uma parte do fluido uni- versal com o fluido, próprio àquele efeito, que o médium emite”¹. A análise da resposta nos permite compreender que médiuns de efeitos físicos são os médiuns que possuem facilidade de desprender o fluido animalizado o qual o fenômeno requer. Para distinguir a ação puramente magnética da mediunidade de cura, Kardec explica que todo médium curador é um emissor de fluido magnético, mas o que o torna médium é a sensibilidade para ser circundado por Espíritos que aumentarão a força magnética e a vontade de fazer o bem, dirigindo e modificando a propriedade do flui- do, o que o tornará capaz de trazer alivio ao doente ou até a cura.

E por falar em ampliação da força magnética, vale a pena refletir o papel dos Centros Espiritas no tratamento dos enfermos. O estudo sistemático das obras básicas e do evangelho, oferecido pelas casas espiritas bem orientadas, oferece recursos para que o trabalhador não apenas compreenda o mecanismo da mediunidade, como também imprima uma reforma moral capaz de lhe tornar apto à influencia de Espíritos superiores. Quando Kardec perguntou se “agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acre- ditasse na intervenção dos Espíritos?”², recebeu a surpreendente e inquietante resposta: “Faria coisas que consideraríeis milagre”.

É, parece que o tão desejado “milagre” mora bem próximo de nós, aguardando es- tudo, desprendimento material e amor incondicional ao próximo. Todos os dias estamos correndo o bendito risco de presenciar o milagre em nossas cabines de passe, nas visitas aos enfermos, nas salas de evangelização, nas palestras e até mesmo no culto cristão no lar. Pelo menos, do que depende do médium de efeitos físicos. Por que do outro lado, do ponto de vista do doente, existe uma outra condição tão necessária quanto a assistência dos bons Espíritos e a doação do fluido do médium. Essa condição é a transformação dos sentimentos do enfermo por meio de uma revolução na estrutura mental geradora dos pensamentos capaz de estabelecer um proposito real de vivenciar os ensinamentos do Cristo. E para isso, é bom recordá-Lo nos aconselhando: “A sua fé́ te curou. Vai e não peques mais”³.

Vinicius Moura

[1] KARDEC, A.O Livro dos Médiuns. 59a ed. Brasília: FEB, 1944,p.93.

[2] KARDEC, A.O Livro dos Médiuns. 59a ed. Brasília: FEB, 1944,p.218.

[3] Joao. 08:11.