Formação mediúnica

Em Seara dos Médiuns, Emmanuel inicia sua reflexão comparando o processo de formação mediúnica “aos serviços do solo”. Em várias de suas parábolas, o próprio Cristo utiliza o conceito de “terra” como analogia nos seus ensinamentos acerca da edificação do reino de Deus. Emmanuel, ao utilizar da mesma metáfora do Cristo, evoca algumas reflexões fundamentais em torno de uma questão que normalmente inquieta muitos médiuns: “O que fazer para desenvolver a mediunidade?”

Versando sobre os desafios que o médium vai enfrentar no cultivo de sua própria mediunidade, elucida-nos o autor: “No caso da terra, o lavrador será mordomo vigilante. No caso da mediunidade, o médium será o zelador incansável de si mesmo.” Com esta orientação, Emmanuel já aponta um roteiro de cuidados que o médium deve seguir ao se aliançar com o compromisso mediúnico. “Zelador incansável de si mesmo”, deve o médium cultivar em seu terreno emocional contínuos cuidados para evitar o acúmulo de sentimentos parasitários que comprometerão a fertilidade de sua mediunidade. Igualmente, deve também o médium observar com precioso critério as sementes que tem cultivado em seu terreno mental, por meio da contínua vigília dos pensamentos, que arvoram dentro ele (e de todos nós) frutos dos mais diversos sabores.

Rememorando Paulo de Tarso, se a semeadura é livre, a colheita faz-se obrigatória. Não enfrentamos em nossa “floresta espiritual” nada além do que cultivamos e permitimos crescer em nós. Seguimos hoje colhendo alguns frutos amargos, nos ferindo com alguns espinhos semeados por nós mesmos. Mas também carreamos dentro de nós sementes dignificantes, adubos valiosos para fertilizar luz e evolução em nossas almas. Assim se apresenta a mediunidade. E de que modo nós nos temos apresentado a ela?

Ao discorrer este texto uma reflexão de Chico Xavier veio recorrentemente aos meus pensamentos. Ele costumava dizer que muitos seareiros espíritas o perguntavam o que tinham que fazer para desenvolver a mediunidade, e poucos lhe perguntavam como fazer para desenvolver a bondade. A associação de mediunidade e bondade é feita pelo próprio Emmanuel, neste texto, ao afirmar que: “Não há desenvolvimento mediúnico, para realizações sólidas, sem o aprimoramento da individualidade mediúnica.” (grifo nosso). Sigamos semeando o Bem! Paz e Luz a todos!

Carla Barros