Coopere com o bem e aguarde sempre o melhor

Após um curto período de intenso aprendizado em companhia de Ismália e Alfredo, chegou o momento de Aniceto, André Luiz e Vicente continuarem o trajeto rumo à Terra, enriquecidos com as lições sobre a situação de nossos irmãos perturbados e sofredores, bem como sobre os efeitos da oração. Uma pequena máquina que se locomovia a reduzida distância do solo e que mais lembrava um automóvel com asas, movida por fluidos elétricos acumulados, conduziu o trio do posto de socorro até um local de abastecimento e manutenção nas proximidades da crosta. Segundo Aniceto, só seria possível voarem naquele aparelho até o meio-dia, sendo necessário que o restante da jornada fosse concluído a pé.

Ao justificar o motivo da caminhada, o mentor explicou: “Isto, porém, acontecerá somente enquanto não hajam vocês criado asas espirituais, que possam vencer todas as resistências vibratórias. Semelhante realização pode não estar distante. Dependerá do esforço que desejarem despender no trabalho aquisitivo. Todo aquele que opere, e coopere de espírito voltado para Deus, poderá aguardar sempre o melhor. Não é promessa de amizade. É lei.” [1]

A fala do querido benfeitor nos lembra do quanto é importante laborarmos conscientemente no bem, pois só assim venceremos as imperfeições que ainda carregamos e conquistaremos as virtudes que nos faltam. Cabe salientar que cada criatura é responsável por sua própria evolução. Os amigos espirituais, servidores das falanges do Cristo, estão sempre atentos às nossas necessidades e nos auxiliam sempre que possível, dentro dos limites da misericórdia divina e levando-se em conta o merecimento a que fazemos jus. Todavia, o trabalho de ascensão é fruto  do esforço e da perseverança individual. Ninguém o realizará por nós, visto que essa responsabilidade é nossa.

Vale ressaltar que as asas espirituais mencionadas por Aniceto simbolizam as conquistas intelectuais e morais, que resultam no patrimônio da alma, que é inalienável. Com relação a este assunto, os Espíritos responsáveis pela codificação do Espiritismo informaram a Allan Kardec que o progresso moral decorre do progresso intelectual, mas que nem sempre o segue imediatamente. Ensinaram que o intelecto auxilia no aperfeiçoamento moral por fazer o bem e o mal serem compreensíveis ao homem, dando-lhe mais segurança para utilizar seu livre-arbítrio.

Contudo, não podemos nos esquecer que existem povos bastante instruídos, porém ainda muito pervertidos. Os mentores explicaram que “enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.”[2] E, complementando, o grande preceptor Emmanuel, guia de Chico Xavier, ensinou certa feita que “o sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.”[3] Ele considera que o primeiro é superior ao segundo, porque o intelecto sem  a moral pode conduzir o homem a lamentáveis quedas. Entretanto, “o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.”[3]

Convém recordar que a lei de causa e efeito vige em todo o Universo garantindo, segundo Jesus, que cada um receba de acordo com suas obras[4], pois o homem será compelido a colher tudo o que ele tiver semeado, conforme ensinou o apóstolo Paulo.[5] Portanto, se quisermos a presença do bem em nossas vidas, é imprescindível que, desde já, nos tornemos bons semeadores, a fim de espalhar as sementes do amor, da paz e da luz junto à terra íntima de todos que convivem conosco, mediante a adoção de palavras, sentimentos, pensamentos e comportamentos condizentes com os princípios cristãos que professamos.

Com pequenas atitudes no dia a dia, seremos capazes de contribuir para a disseminação do bem no planeta, tornando-nos assim instrumentos do próprio Cristo na edificação do reino de Deus na Terra. No entanto, não podemos esmorecer, tendo em vista que os guias da humanidade asseveraram que ao homem “cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”[6]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier – capítulo 33 (A caminho da crosta).
[2] O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – 3ª parte (Das leis morais) – capítulo VIII (Da lei do progresso) – item: Marcha do progresso – questão nº 780.
[3] O Consolador – Pelo Espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier – segunda parte (Filosofia) – capítulo III (Cultura) – item: Intelectualismo – questão nº 204.
[4] Evangelho de Jesus segundo Mateus – 16:27.
[5] Epístola de Paulo aos Gálatas – 6:7.
[6] O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – 3ª parte (Das leis morais) – capítulo I (Da lei divina ou natural) – item: O bem e o mal – questão nº 642.