Influências

[…] está em nossas mãos libertarmo-nos das influências do mal e dos sofrimentos que elas acarretam. Dotados de livre-arbítrio temos condições de ceder ou não a tais influências.”
(O Livro dos Espíritos, questão 257)

Até que ponto as influências do meio em que vivemos podem nos impactar? Estamos sujeitos a alguma espécie de determinismo, de fatalidade? Estes questionamentos são alguns dos respondidos na obra O Livro dos Espíritos, na questão 257: “[…] Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas que lhe teria sido possível evitar.

Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas tribulações se forraria. O mesmo se dá com o Espírito. Os sofrimentos por que passa são sempre a consequência da maneira de viver na Terra”.

Nesta mesma questão de O Livro dos Espíritos, Kardec afirma que se for de nossa livre vontade, podemos trabalhar no sentido de nosso desenvolvimento moral, por exemplo, conhecendo nossos próprios sentimentos e transformando-os: “dome suas paixões animais: não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho…”. É fundamental nos lembrarmos que quando praticamos o mal, o fazemos “por vontade própria” e podemos ceder às influências que estão fora de nós, por conta de nossas livres escolhas. Assim, abrimos caminho para as obsessões espirituais por invigilância.

Segundo os amigos espirituais, o nosso livre-arbítrio amplia-se na medida em que nos conhecemos melhor, quando aprendermos a nomear os sentimentos ocultos por detrás de cada pensamento ou ação de nossa parte. Isto implica em maturidade e reflexão, só possíveis com esforço próprio. A verdade é que não nos preocupamos em reconhecer e entender nossas emoções e é certo que elas exercem grande efeito sobre as nossas vidas. No aspecto físico, podem causar danos, minando o sistema imunológico e levando a doenças variadas.

Nos relacionamentos, a má qualidade das emoções pode arruinar amizades, casamentos, provocar isolamento. No trabalho, pode nos levar a disputas, confrontos, rejeição e, finalmente, decepção e fracasso. Ainda estando vacilantes na fé e às voltas com as questões da vida material, muitas vezes ansiosos pela conquista ou manutenção de status social, sobre a pressão do “ter” e do “poder” e deixamo-nos envolver pelas influências negativas presentes no meio em que vivemos.

As consequências aparecem sob a forma de aflições, doenças, sofrimentos. Não se trata de determinismo ou fatalidade, trata-se de colher por força de escolhas equivocadas. O espírito Joanna de Ângelis, nos alertando quanto às coisas deste mundo, afirma: “as conquistas dispensáveis pesam na economia emocional e passam a constituir preocupação que desvia a mente das metas que deve perseguir”.

Se queremos nos livrar das más influências em nossas jornadas, importante refletirmos sobre os lembretes de Kardec, acima comentados, procurando viver com mais sobriedade, sendo modestos nos desejos e nos livrando dos muitos condicionamentos sociais.

Letícia Schettino Peixoto
Franco, Divaldo Pereira. Plenitude. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos; FEB 1995. Questões 120 e 257, Capítulo VI, Parte II.