Glacus, o mensageiro da bondade

O momento atual, caracterizado pela angústia da incerteza do amanhã, tende a nos aproximar de tudo o que há de espiritual. A humanidade está sendo convidada a ampliar o entendimento sobre a vida e a morte, a saúde e a doença, a aflição e a paz, o individual e o coletivo, o egoísmo e o altruísmo. Uma bela oportunidade, sem dúvida. Você já pensou que, apesar de necessária, essa busca espiritual não é tarefa fácil para muitas almas estagiando na Terra? E que o exercício das virtudes cristãs é tarefa ainda mais laboriosa, especialmente para aqueles que vêm conduzindo a sua vida à margem da realidade do espírito? Portanto, são felizes os convidados para compor a família do Irmão Glacus.

A primeira encarnação de Glacus Flaminius que temos notícia ocorreu no ano de 45 da Era Cristã, quando nasceu na região de Corinto, na Grécia nas cercanias de Peloponeso. Mais tarde, no ano 70 da Era Cristã, aos 25 anos de idade, já formado em ciências médicas na Grécia, foi levado pelas autoridades romanas para Roma. Viveu ainda outras valiosas experiências no campo da medicina, sempre chamando a atenção para o modo sensível por meio do qual ele exercia a profissão. Mais recentemente, no início do século XX, em reunião de espíritos de alto escalão presidida pela Irmã Veneranda, definiu-se que uma nova casa espírita deveria iniciar suas atividades, e que caberia ao Irmão Glacus essa nova missão pela grandeza de trabalho e por ser um espírito agregador. Você se lembra das antigas árvores genealógicas de família? Aquelas que, em virtude do seu nascimento, você aparecia nas últimas folhas, nos últimos galhos? Pois então, como trabalhador da última hora, você faz parte da família do Irmão Glacus, cujas raízes estão na gênese do cristianismo e cuja seiva é o amor incondicional. E o que significa isso?

Antes de tudo, é preciso recordar o princípio de nossa Casa – “O compromisso da Fraternidade é com o ser humano”. Recentemente vi uma postagem muito sensível por meio da qual um filhote de gato bem carismático dizia: “Não adianta ir à igreja rezar e envenenar os gatinhos”. De forma semelhante, não adianta frequentar uma casa cristã e não desenvolver paciência, tolerância, renúncia, desapego e caridade dentro e fora dela, especialmente em família. É de nosso Irmão Glacus essa frase: “Gradativamente, compreenderemos que fraternidade espírita é fruto da nossa transformação e só a construiremos se cooperarmos uns com os outros”.

 É verdade que alguns se sentem inaptos para conduzir essa transformação. Não se sabe se é por vaidade ou por orgulho, deixam-se levar por um sentimento de autopiedade quando o assunto é o desenvolvimento espiritual. Tomados de ansiedade, que é uma é uma doença pandêmica nos dias atuais, imaginam que deveriam se santificar imediatamente, da água para o vinho. Esquecem que a água possui o seu sublime valor e, a prova disso é que a maior parte do vinho é água. Glacus nos esclarece afirmando que “Os benfeitores espirituais nunca nos pediram certidão de perfeição, atestados de virtudes, certificados de capacitação. Eles pedem somente que nos esforcemos, sempre mais um pouco”.

Cada um de nós encontra-se num estágio evolutivo e devemos ter consciência de que estágio é este. O estudo e a vivência do evangelho são condições para se alcançar essa autocompreensão. Ninguém deve não fazer nada porque apenas pode fazer um pouco. Sempre mais um pouco, como assevera o meigo mentor. Esta é a lei! Engana-se quem baliza o seu grau de elevação espiritual tendo o outro como referência. Somos seres singulares. E por pertencer à maravilhosa família do Irmão Glacus, não precisamos ter vergonha do nosso estado espiritual. Não são assim também as famílias humanas? Todos estão no mesmo nível intelectual, moral e espiritual na intimidade do lar? Não. Nunca estão. Então por que vivem juntos? A resposta está no Hino ao Glacus: “Confiados seguiremos, à luz da fraternidade, o roteiro da esperança, praticando a caridade.”

Assim, como uma boa família, convivamos celebrando a oportunidade de elevação espiritual, sem desconsiderar os desafios de cada dia. Nosso querido mentor nos indica o que devemos fazer: “e, convertendo-se ao Pai Maior, Deus de amor, ele viu em Jesus a oportunidade da revolução amorosa. Vá e faça o mesmo!”.

Vinícius Moura