A Evolução não é obra do acaso

A teoria da evolução do universo e dos seres no Espiritismo está bastante conectada àquela que a ciência afirma. Na Codificação, Allan Kardec procura demonstrar, sem nenhuma ideia sobrenatural ou fantasiosa, à luz da ciência de sua época, o que há por traz deste complexo processo evolutivo biológico e espiritual: uma inteligência.

Para o Espiritismo, de forma simplificada, temos: Deus criou o universo. Dentro desse universo há vários mundos. Estes mundos são criados gradativamente, juntamente com seus habitantes. Muitos planetas foram criados antes da Terra. Assim como outros ainda são e serão criados.

Segundo o mentor espiritual Emmanuel, o nosso mestre e irmão maior Jesus e sua equipe de espíritos atuaram e coordenaram toda a evolução da Terra. Atuaram sob as Leis Divinas e com os recursos criados por Deus. A questão 45 de O Livro dos Espíritos afirma que os princípios inteligente e material já se achavam […] “em estado fluido no espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, esperando a criação da Terra para começarem existência nova em novo globo”.

No início, o princípio inteligente ou espiritual foi “semeado” pelos Espíritos Crísticos no momento da formação deste planeta. Este princípio inteligente, então, se uniu ao princípio material, posteriormente desenvolvido para organização da matéria que constituiria a natureza da Terra e a formação dos corpos dos seres vivos. Juntos, estes dois princípios se desenvolveram na Terra até que, com o passar de milênios, o principio inteligente chegou ao estágio de humanização constituindo os chamados espíritos.

 A revelação acima nos remete a hipótese, em estudo por parte da comunidade cientifica, de que a vida foi trazida à Terra do espaço, talvez em cometas, meteoritos. Ela é conhecida como panspermia cósmica e, na atualidade, torna-se mais próxima da realidade devido ao desenvolvimento do estudo de planetas extrassolares e da engenharia genética microbiana. Não há consenso, mas já existem algumas evidências avançadas de que microrganismos mais resistentes teriam conseguido sobreviver à hostilidade do espaço e chegado até a Terra. A ciência progride, aprimora seus métodos de investigação e, como afirmou Kardec, também o Espiritismo é passível de atualizações: “se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”.

O que nos foi trazido pela Espiritualidade é que o princípio espiritual é criado constantemente por Deus, sem complexidade, e deverá estagiar milhões de anos nos reinos inferiores da criação (mineral, vegetal e animal), para estar preparado para funções mais complexas, conquistando a individualidade, habilitando-se para o despertar da inteligência e do senso moral. A evolução dos seres vivos, inclusive dos humanos, ocorre nos dois planos da vida, o físico e o espiritual.

Emmanuel segue nos esclarecendo no livro A Caminho da Luz que na Terra todo esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas, inconsequentes, e sim a consequência de um trabalho bem elaborado dos Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta.

Ao tratar deste processo evolutivo, os espíritos superiores não se detiveram em maiores detalhamentos, por exemplo, de como Deus cria o princípio espiritual e de como o reino mineral se aproxima desse período inicial da criação. Esta postura dos mentores se justifica porque nós ainda não temos conhecimentos e condições para melhor entendimento desta matéria.

Sobre esta questão, talvez, segundo Gabriel Delanne, no reino mineral o princípio espiritual se submeta a lei de atração e repulsão, gerando aglutinação e solidez, rumo a complexidade evolutiva. Certo é que, com o avanço da ciência, que se dá em um ritmo acelerado, futuramente poderemos ter mais orientações sobre a evolução do princípio espiritual no reino mineral e nos demais reinos.

 Emmanuel, na obra O Consolador, questão 79, diz que “a escala do progresso é sublime e infinita. No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade”.

Conclui André Luiz no livro No mundo Maior: “não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio. […] Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora)”.

A Codificação de Kardec e as afirmativas dos espíritos mentores, Emmanuel e André Luiz, nos estimulam a refletir sobre a perfeição Divina e a importância de valorizarmos as oportunidades de cada encarnação, nos empenhando para seguir evoluindo e conquistando os valores superiores da alma: “a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos”.

Leticia Schettino Peixoto

Bibliografia: Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, capítulo XI, da 2ª parte.

 Kardec, Allan. A Gênese, capítulo XI.

Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Xavier, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. Questão 79.

Xavier, Francisco Cândido; Waldo, Vieira. Evolução em dois mundos, capítulo 3. Pelo espírito André Luiz. Gabriel Delanne, Evolução Anímica, Cap. II.