Um convite à renovação

É com imensa gratidão que sentimos novamente os ares de dezembro se aproximando. É um mês que sempre chega colorindo e iluminando os ambientes, trazendo o espírito natalino com suas manifestações de solidariedade, talvez um pouco mais intensas numa época que representa também um marco final de um ciclo e o prelúdio de novos começos. 

E diante de tudo que vivenciamos no decorrer deste ano ímpar, repleto de desafios, não podemos deixar de volver nossos olhares para trás a fim de agradecer a Deus, com a certeza da vitória e do aprendizado que estas experiências nos trouxeram. Foram momentos de dor, perdas, solidão, tristezas, incertezas; dificuldades inúmeras que, de certa forma, não foram, mas ainda continuam presentes em nossa realidade. Contudo, o que realmente ficou no passado foi o nosso modo antigo de olhar para a vida, para nós mesmos e para o nosso próximo.

Embora existam pessoas resistentes à mudança e que ainda não despertaram para a necessidade de renovarem a si próprias, é incontestável o fato de que a mudança veio para ficar, para impulsionar nosso progresso, que a impermanência é lei da vida, e não temos outro caminho senão o de acompanhá-la com a nossa renovação interior. 

Cabe então refletirmos como temos usado nossa capacidade de renovação diante de tantos fenômenos de mudança que a vida tem colocado para cada um de nós. Como temos lidado com a nossa mente mergulhada numa revolução de informações a todo o tempo?
Como temos enfrentado as adversidades, a escassez de recursos materiais, a angústia da perda de entes queridos, os reveses, as enfermidades, os conflitos de relacionamento e na família? Mas sejam quais forem as dificuldades que atravessamos, elas significam que a vida está favorecendo nossa renovação, porque Deus nunca nos envia problemas sem que estejamos prontos para vencê-los.

O primeiro passo a ser dado em busca da renovação interior é a aceitação e a paciência, sem fuga do trabalho. O trabalho de autoaprimoramento, que deve ser constante, isto é, diário, vai exigir que nós olhemos para dentro do nosso íntimo como um observador atento, reconhecendo que há imperfeições que precisam ser acolhidas para, em seguida, serem transformadas. É um trabalho que exige desapego de nossa parte, exige libertarmos ideias antigas que construíram a imagem que carregamos de nós mesmos. Muitas vezes nos vemos como vítimas da vida, contamos algumas mentiras para nós mesmos e acreditamos nelas. Acreditamos que somos incapazes de mudar, que não vamos conseguir; que nascemos assim e vamos desencarnar assim; que os outros é que devem mudar para se adaptarem a nós; que já somos virtuosos o bastante. Acreditamo-nos desanimados, cansados, ou talvez com preguiça, ou com medo de fracassar, e assim vamos adiando indefinidamente os nossos propósitos de renovação. É possível também que estejamos aguardando algo mais acontecer em nossa vida e dar aquele “ empurrãozinho” inicial, ou alguém especial chegar; ou a cura de uma enfermidade; o emprego dos ossos sonhos ou a almejada aposentadoria; também pode ser que estejamos esperando a pandemia acabar, ou quem sabe a desencarnação chegar, para, na próxima reencarnação, assim iniciar… E enquanto não começamos, o tempo vai escoando das nossas mãos e vamos sobrevivendo…


Urge conferir valor ao nosso tempo aqui na Terra, priorizando realmente o que é essencial para a nossa evolução espiritual e para o progresso da humanidade, afinal, foi para isso que reencarnamos. Por isso temos que ter cuidado com as dispersões, com tudo aquilo que tira nossa atenção do verdadeiro propósito da nossa vida. Afinal, iremos prestar contas de cada hora abençoada que recebemos diariamente das mãos do criador.


Muitas vezes colocamos a direção de nossas vidas no “piloto automático”, que nos leva sempre para aquele lugar comum ao qual já estamos acostumados, pelo benefício da comodidade que nos proporciona, pela facilidade, por não exigir de nós reflexão e esforço constantes.

Mas a força da vontade, associada à ação persistente, poderá nos levar a um lugar diferente, a construir novos destinos, fazendo as melhores escolhas com sabedoria, e assim irmos escrevendo a nossa história a cada dia. E se já existe a vontade, vamos aceitar convite que está vindo para todos nós hoje. Vamos traçar um roteiro de renovação interior enquanto há tempo. Emmanuel, no livro Paz e Renovação, psicografado por Chico Xavier, na lição intitulada “Renovação”, nos presenteia com 15 eixos norteadores para colocarmos em prática em nossa vida ainda hoje, onde quer que estejamos. São ações que vão projetar luz em nossas sombras interiores, que vão nos ajudar no reequilíbrio espiritual sempre que formos defrontados por obstáculos e conflitos diversos. Podem até parecer  difíceis de serem concretizadas hoje, mas serão facilidades no amanhã:

“1) Zelar pela própria apresentação;
2) Aprender uma lição nova;
3) Multiplicar os interesses de viver;
4) Acentuar estudos para discernirmos
com mais segurança;
5) Partilhar campanhas de educação e
beneficência;
6) Aperfeiçoar-se na profissão;
7) Prestar serviço ao próximo;
8) Adaptar-se às novidades construtivas para acompanhar o progresso;
9) Aprimorar expressões e maneiras,
alteando ideias e emoções;
10) Ler um livro recente;
11) Adquirir mais cultura;
12) Recomeçar um empreendimento que
o fracasso esmagou;
13) Aumentar o número de afeições;
14) Sofrer complicações em favor dos
amigos;
15) Criar novos recursos de atividade
edificante, em torno de si mesmo”.

Que possamos concretizar a nossa renovação com base no Evangelho do Cristo, utilizando-nos das ferramentas que temos encontrado na Doutrina dos Espíritos, que nos traz tanto aprendizado, consolação e oportunidade de trabalho na seara de Jesus. Recorramos sempre à prece em todos os momentos, principalmente naqueles em que nos sentimos desanimados para prosseguirmos com nossas mudanças. Que o espírito natalino possa perdurar em nossos corações durante todo o ano de 2021. Que nossa alma de aprendiz esteja em Cristo, para renovarmo-nos com segurança e fortalecidos pelo amor que Ele ensinou, colorindo nosso coração e fazendo luz em nossas mentes, para coordenarmos nossas mãos no trabalho que a cada um Ele confiou.

Adriana Souza

Imagem de capa: freepik