Por que te deténs perante o desafio?

Na trajetória evolutiva, na busca da sua elevação espiritual, o Espírito, até atingir determinada posição, dorme o sono da indiferença em relação a sua condição de Filho de Deus.
Durante este período, sob a tutela da lei de causa e efeito, que determina a colheita em função de suas escolhas, nem sempre felizes, o espírito aprende que ele é o resultado daquilo que semeia.
Nesta fase, dependendo da vontade, que representa a alavanca propulsora, o Espírito, após viver as desilusões, pela desmontagem do seu personalismo, passa da condição de servo a Filho de Deus, “ Já vos não chamareis de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor…” (Jo. 15:1). E é aí, nesta nova condição, que o Espírito, consciente de sua identidade com o Criador, sente a necessidade de ser útil, de colaborar com a parte que lhe cabe na obra da criação.
Bafejados hoje pela luz da Doutrina Espírita, temos inúmeras oportunidades de trabalho no bem e, muitas vezes, a pergunta do bondoso Ananias ao recém convertido de Damasco ecoa ainda aos nossos ouvidos: “E agora, porque te deténs?” (At. 22:16).
Quantas oportunidades de trabalho são abandonadas, quando surgem os primeiros obstáculos, muitas das vezes em função de nosso comodismo, ou do nosso personalismo.
Entretanto, sabemos também pela Doutrina Espírita, que não existe felicidade sem trabalho. Relembrando a passagem do cego de Jericó (Mc. 10:46), o mesmo para ir ao encontro de Jesus, teve que abandonar as suas “capas” que o prendiam ao solo. Importa abandonar as nossas capas, hoje camufladas em inúmeras desculpas, para irmos ao encontro de Jesus, representado por todos aqueles que buscam nosso auxílio.
Não nos esqueçamos que “muito se pedirá àquele que muito recebeu” (Lc. 12:48), e cientes disto aproveitemos a oportunidade desta encarnação, que passa célere. Talvez, em outra existência, não tenhamos as condições que hoje desfrutamos para vencer os desafios e progredir. Muito temos recebido de Jesus e nesse sentido vale a pena refletir em torno da pergunta do Cristo: “Que fazeis de especial?”. (Mt. 5.47).

Mariano Cunha

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