O espiritismo e as artes

Uma das primeiras referências encontradas de como o espiritismo considera a arte está na Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, na edição publicada em dezembro de 1860. A Revista informa que, em um dos encontros da Sociedade de Estudos Espíritas, realizado no dia 23 de novembro daquele ano, o espírito de Alfred de Musset (poeta, novelista e dramaturgo francês do século XIX, um dos expoentes do Romantismo, que desencarnou em 1857), tendo como médium a senhorita Eugénie, espontaneamente se disponibilizou a responder quaisquer questões dos presentes. Assim, foi perguntado ao Espírito de Alfred, qual seria a influência da poesia no espiritismo. Ao que ele respondeu que a poesia é o bálsamo que se aplica sobre as feridas; ela foi dada ao homem como um maná celeste, e todos os poetas são médiuns que Deus enviou sobre a Terra para regenerar um pouco o seu povo, e não os deixar embrutecer inteiramente.
Sugerimos àqueles que têm interesse em conhecer um pouco mais sobre as poesias espíritas, e em especial sobre a poetisa brasileira Auta de Souza, desencarnada em 1907, que assistam no canal da Feig no YouTube o programa “Na Rota do Espiritismo”, de 20/04/2022. Neste programa redescobrimos a beleza dos vários poemas ditados por este Espírito a Chico Xavier e a outros médiuns, que nos trazem mensagens de bondade e esperança, apelo à fé e à caridade, indicando o rumo certo para a conquista da verdadeira vida. Ainda no citado programa virtual da Feig, nos dias 6 e 13 de abril desse ano, foram tratados os temas Música Espírita, em merecida homenagem a João Cabete e Pintura Mediúnica ou Psicopictografia, respectivamente.
Sim, a influência inspiradora e amorosa da música sobre a alma é uma realidade que se pode comprovar na obra de João Cabete. Suas músicas, tantas vezes executadas nas diversas atividades da FEIG, nos encantam!
No programa do dia 13 de abril, a Feig recebeu dois convidados da Sociedade Beneficente Bezerra de Menezes – SBBM, do Rio Grande do Sul, que falaram sobre a pintura mediúnica. Ieda Maria Luyet, coordenadora do setor de psicopictografia e o Ronaldo Weisheimer, do setor mediúnico, ambos da SBBM, trouxeram esclarecimentos sobre a interface da mediunidade com a arte. Apresentaram os livros sobre o tema psicopictografia, entre eles o Psicopictografia: Um despertar para a luz e um outro recém-lançado1 que trazem informações sobre como esse tipo de mediunidade é aplicado na assistência a espíritos desencarnados.
A arte, além de encantar nossos espíritos, é um recurso terapêutico que com Jesus traz renovação e esperança. Uma boa referência para se compreender a visão da “arte espírita” é o livro O Espiritismo na Arte, de Leon Denis, que viveu entre 1846 e 1927 e também foi um dos responsáveis pela disseminação da filosofia espírita após a morte de Allan Kardec. Embora o autor não trate especificamente da prática da pintura mediúnica, a psicopictografia, aborda a influência dos espíritos sobre pessoas ainda encarnadas que trabalham tanto com a pintura, quanto com outras artes como a arquitetura, a música, a escultura, etc. É interessante observar as definições de arte do autor, que diz que a beleza é um dos atributos divinos e que Deus a colocou nos seres e nas coisas para nos encher a alma de admiração, às vezes de entusiasmo. Complementa Denis que “A arte é a busca, o estudo, a manifestação dessa beleza eterna, da qual aqui na Terra não percebemos senão um reflexo”.

Leticia Schettino

¹Psicopictografia: Um caminho para a Paz, Ieda Maria Luyet,1ª Edição

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