Medo da morte

Você tem medo da morte? Existem pessoas que têm verdadeiro pavor da morte e os motivos são vários: a causa do falecimento; se haverá dor ou não; a incerteza sobre o que há depois do túmulo; a separação dos familiares e amigos que continuarão na Terra; o receio de rever aqueles que partiram antes; o horror das penas eternas e o pânico do tormento perpetrado por seres diabólicos. Esses são apenas alguns motivos que apavoram muita gente quando o tema é a grande viagem.
Entretanto, quando o indivíduo é iniciado em determinado assunto e assim adquire conhecimento sobre algo até então obscuro para si, ele joga luz nas trevas da ignorância e com isso o medo deixa de existir porque, via de regra, o homem tem medo do que não conhece. A partir do momento em que nos tornamos esclarecidos, dispondo de informações verdadeiras, passamos a saber e o saber não deixa espaços nem para descrença e nem para a crença cega, aquela desprovida de razão. Nesse contexto, veremos abaixo o instrutor espiritual Aniceto nos ensinar que o pavor da morte se origina na falta de preparação religiosa.
Um médico da esfera invisível que fazia parte do grupo que trabalhava na casa de dona Isabel, solicitou o auxílio do mentor em um caso singular. Ele, André Luiz e Vicente, foram conduzidos pelo clínico até um necrotério onde “o cadáver de uma jovem, de menos de trinta anos, ali jazia gelado e rígido, tendo a seu lado uma entidade masculina, em atitude de zelo. (…) Parecia recolhida a si mesma, sob forte impressão de terror. Cerrava as pálpebras, deliberadamente, receosa de olhar em torno.”[1] Segundo o facultativo, a pobre moça estava ali há seis horas, paralisada por terrível pavor, mesmo já tendo concluído o processo de desligamento dos laços fisiológicos.
A entidade que estava junto a ela era seu noivo, falecido há algum tempo e que a aguardava carinhosamente no plano espiritual. Ele a chamava sem cessar há seis horas, mas só via nela o terror em função de tudo o que acontecia a sua volta. “A jovem, todavia, cerrava os olhos, demonstrando não querer vê-lo. Notava-se, perfeitamente, que seu organismo espiritual permanecia totalmente desligado do vaso físico, mas a pobrezinha continuava estendida, copiando a posição cadavérica, tomada de infinito horror.”[1] Foi então que Aniceto, compreendendo o que ocorria, chamou sutilmente o comovido rapaz e lhe explicou: “É preciso atendê-la doutro modo. Vejo que a pobrezinha não dormiu no desprendimento e mostra-se amedrontada por falta de preparação espiritual. Não convém que o amigo se apresente a ela já, já… Não obstante o amor que lhe consagra, ela não poderia revê-lo sem terrível comoção, neste instante em que a mente lhe flutua sem rumo. (…) Ausência de preparação religiosa, meu irmão. Ela dormirá, porém, e, tão logo consiga repouso, entregá-la-emos aos seus cuidados. Por enquanto, conserve-se a alguma distância.”[1]
Fazendo-se acompanhar do facultativo que assistiu a moça nos últimos dias, Aniceto se aproximou e a convidou a um tratamento diferente. A jovem perguntou se ele era o novo médico e deu graças a Deus, dizendo que estava em horrível pesadelo no qual o noivo falecido a chamava para o Além. O guia espiritual lhe esclareceu que não há morte e, para tranquilizá-la, confirmou que era o novo facultativo e que lhe aplicaria recursos magnéticos. Era indispensável que ela dormisse e descansasse. André Luiz e Vicente se colocaram em atitude íntima de oração e Aniceto aplicou passes de reconforto que fizeram com que a jovem Cremilda caísse no sono quase instantaneamente.
O instrutor a afastou dos despojos e a entregou ao noivo que, jubiloso e agradecido, volitou carregando “consigo o fardo suave do seu amor.”[1] E para fixar a lição, Aniceto rematou: “Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais. É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos. Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova. Os bons não encontram obstáculos insuperáveis. (…) Como veem, a ideia da morte não serve para aliviar, curar ou edificar verdadeiramente. É necessário difundir a ideia da vida vitoriosa. Aliás, o Evangelho já nos ensina, há muitos séculos, que Deus não é Deus de mortos, e, sim, o Pai das criaturas que vivem para sempre.” [1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por
Francisco Cândido Xavier – capítulo 48 (Pavor da morte).

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