Humildade

Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus. (Mateus 5:3)

Certamente esta é uma das mais conhecidas bem-aventuranças proferidas por Jesus
no Sermão do Monte. Conforme Kardec nos esclarece no capítulo 7 de O Evangelho segundo o Espiritismo, a expressão “pobre de espírito” deve ser compreendida como equivalente àquele que é humilde, e não àquele tido como ignorante. Assim, Jesus coloca
a humildade como uma das características fundamentais para que possamos erigir o
Reino dos Céus – estado consciencial relativo à verdadeira paz e à felicidade genuína –
em nossa intimidade. Humberto de Campos, no livro Boa Nova, assevera que Jesus convidou, para o círculo daqueles que Lhe seguiriam de modo mais próximo, “os homens mais humildes e simples do lago de Genesaré” (cap. 5). Sem verdadeiramente reconhecermos nossa posição como criaturas ainda muito imperfeitas e que necessitam do apoio e do amparo divino, nada conquistaremos de novo.

Humildade é reconhecermos que somos filhos de um Pai que é todo misericórdia, amor e benevolência. Somos pequeninos em grandeza espiritual, ainda; nossa marcha evolutiva é lenta, incorremos nos mesmos equívocos por diversas vezes… No entanto, ao concebermos que há uma inteligência superior a nós que comanda todos os processos do Universo, reconhecemos que não temos controle sobre quase nada… Além disso, se reconhecemos que ao Criador pertencem todos os processos da vida, que Ele rege as leis do mundo físico e as leis morais, temos paciência para esperar o tempo de Deus. Como dizia Chico Xavier, a paciência desarticula os mecanismos do mal.

A humildade consiste, ainda, em pedirmos perdão: não poucas vezes sabemos que erramos em relação ao nosso próximo mas, por arrogância ou soberba, mantemo-nos a distancia, sem nos aproximarmos de nosso irmão com o coração aberto, buscando restabelecer a sintonia da concórdia. Ora alegamos vergonha por nossos atos, ora nos justificamos alegando que, se agimos daquele modo menos feliz, é porque o outro provocou aquele sentimento em nós. São os velhos hábitos cristalizados de culparmos os outros ao invés de reconhecermos a parcela de responsabilidade que nos cabe em cada situação.

Por fim, não nos esqueçamos de que ser humilde significa fazer a parte que nos compete sem cobrar ou esperar nada de ninguém, “sem criar problemas, e oferecendo à construção do bem de todos o melhor concurso de que sejamos capazes.” (Emmanuel, livro Encontro Marcado).

Maria do Rosário A. Pereira