Ao toque do Clarim

“… Ouvimos emocionados os clarins anunciadores e a sua música melancólica, informando-nos que o amado planeta se encontra na mais difícil crise espiritual dos últimos séculos”. Esta é uma afirmação do Espírito Antúlio, citado no primeiro capítulo da obra No rumo do mundo de regeneração de psicografia de Divaldo Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Neste capítulo intitulado “Clarins Anunciadores”, são apresentados alguns dos motivos que justificam várias dificuldades vivenciadas nos dias atuais, convidando-nos a uma reflexão especial sobre o mundo e, em especial, a nossa própria existência. Novos desafios são apresentados à humanidade, principalmente com o surgimento da pandemia do COVID-19. É-nos relatado que tudo isso faz parte do processo de transição planetária da Terra para um mundo melhor, o mundo de regeneração!

Os clarins tocaram convocando caravanas de Espíritos “ao serviço de amor e de caridade aos nossos irmãos do amado planeta”. Narra-se que várias equipes espirituais estavam descendo ao planeta, em nome de Jesus, para o socorro e amparo de toda humanidade.

 Esse mesmo “toque de clarim” foi descrito pelo Espírito André Luiz no livro Nosso Lar, no capítulo 41, “Convocados à luta”, no qual é narrado o período do início da Segunda Guerra Mundial, setembro de 1939, época de trevas para a humanidade.

“Esse Clarim – disse Tobias igualmente emocionado – é utilizado por Espíritos vigilantes, de elevada expressão hierárquica”. O toque do clarim, por mais de quinze minutos, foi utilizado para anunciar a palavra do governador da cidade espiritual de Nosso Lar, que em suas palavras convocava a todos os habitantes da colônia espiritual: “Irmãos de Nosso Lar, não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-Lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos. Preparemos, pois, legiões de trabalhadores que operem esclarecendo e consolando, na Terra, no Umbral e nas Trevas, em missões de amor fraternal…”.

A Espiritualidade naquela época, como atualmente, estava se preparando para o auxílio e ao socorro, tanto dos seres reencarnados, bem como ao atendimento ao elevado número de espíritos desencarnados, pelo processo da guerra e hoje pela pandemia do COVID-19. Concomitantemente, atuando no combate das vibrações inferiores destrutivas, do terror, do medo da morte, do pessimismo e crueldades, bem como enfrentando a atuação intensa dos espíritos vinculados às trevas.

É maravilhosa e consoladora a narrativa da movimentação espiritual nestas duas obras citadas, em benefício de todos, porém, mais adiante, André Luiz, no capítulo 43, “Em conversação”, tratando ainda do amparo espiritual ao planeta, comenta do apoio que a Espiritualidade superior necessita de todos nós encarnados nestes momentos de lutas terríveis, principalmente nós, Espíritas. “O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata-se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui ‘olhos de ver’. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela”.

E conclui: “… vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério”.

Nós somos Espíritas!

O que temos oferecido à espiritualidade superior, nesse momento tão delicado que passa nosso planeta?

O que temos contribuído para a nossa regeneração e do nosso meio?

E concluímos com Manoel Philomeno de Miranda, no capítulo 20, “Palavras Finais”.

“Aos espiritistas cabe a consciência dos deveres com que a Doutrina os honra”.

 Ladimir Freitas

Agradecer é ter fé em Deus

Estudando o livro Leis Morais da Vida, de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, nós, da Comissão de Multimeios da MEJA, decidimos expressar algumas de nossas reflexões sobre a lição 6, intitulada “Agradecimento”, que, como muitas outras, nos motivam a uma melhoria interna, evolução de nós mesmos e de nossas atitudes diante das dificuldades que nos são apresentadas. Durante a leitura do livro, essa lição nos tocou profundamente e, pela compreensão de cada integrante, apresentamos um recorte do nosso entendimento, que julgamos ser oportuno compartilhar junto aos leitores do jornal da FEIG.

“A lição fala sobre como nós sempre devemos agradecer a todas as nossas oportunidades de evolução. Nessa lição um dos trechos diz: ‘O sol aquece, a noite tranquiliza, a chuva alimenta, o adubo fertiliza, a poda revigora’. Isso quer dizer que é importante que nós agradeçamos pelas coisas boas que acontecem conosco, mas também devemos agradecer pelas coisas ‘ruins’, pois são elas que também ajudam em nossa evolução. Para mim, uma frase que pode definir isso de certa forma é que ‘a mesma coisa que te derruba, é o que também vai te ajudar a seguir em frente.’” (Sarah).

“Gratidão é a forma mais sincera de amar a Deus. Agradecendo reconhecemos que tudo acontece com um propósito e tudo é aprendizado. Independente de qual for a dificuldade, agradeça a oportunidade de mais uma maneira de evoluir. Através desses aprendizados, nosso espírito cresce. Assim, agradecer é amar a Deus, é entender que nem sempre o que queremos é o que precisamos. Passamos por um momento delicado onde a transição planetária se mostra cada vez mais presente; é importante então que saibamos dar graças a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de evoluir.” (Maria).

Podemos concluir com todos esses pensamentos e entendimentos que agradecer e aceitar todos os momentos da vida, tanto os episódios bons quanto os ruins, é acreditar que há mais alguém tomando conta de todos nós e que não estamos desamparados, é ter fé no futuro e em Deus, que nunca nos abandona.

Maria Clara Machado, Pedro Henrique Pena Prado e Sarah Souza Rocha

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Vida e morte

Dando sequência aos estudos acerca do princípio vital, objeto do capítulo IV de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec formula aos espíritos da codificação as perguntas de número 68 a 70 para compreender o significado de vida e morte, temas de suma relevância em doutrinas espiritualistas, notadamente para a espiritista, à qual nos vinculamos.

 Em que pese a discussão sobre vida e morte seja multifacetária e possa ser desenvolvida sob variados aspectos, deve-se ter em mente que o estudo proposto por Allan Kardec em torno do tema nas perguntas acima indicadas tinha como pano de fundo a sua relação com o princípio vital, objeto central do capítulo em estudo.

É nesse contexto que Allan Kardec questiona aos espíritos superiores, na pergunta 68 de O Livro dos Espíritos, qual a causa da morte dos seres orgânicos, ao que eles respondem que seria pelo esgotamento dos órgãos, afirmando ser possível comparar a morte à cessação do movimento de uma máquina desorganizada, pois, “(…) se a máquina está mal montada, cessa o movimento; se o corpo está enfermo, a vida se extingue”.

A vida depende, assim, da integridade, da harmonia e do ajuste da máquina orgânica, de modo que o seu desalinho poderá acarretar a morte do corpo, especialmente quando isso se dá em órgãos vitais, como o coração, que, apesar de sua importância, por ser máquina da vida, é apenas mais uma das peças essenciais do corpo humano, como esclarecem os espíritos da codificação na pergunta de número 69 da mesma obra.

 Ocorrendo a morte, a matéria inerte se decomporá, originando novos organismos, e o fluido vital, como ensinam os espíritos superiores na pergunta 70, volta à massa de onde saiu, completando, assim, o ciclo contínuo da vida.

Em nota explicativa sobre o tema, Allan Kardec observa que:

 “Morto o ser orgânico os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, o absorvem e assimilam para novamente restituírem a essa fonte, quando deixam de existir.

Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre.

Mais ou menos necessariamente, os órgãos reagem uns sobre os outros, resultando essa ação recíproca da harmonia do conjunto por eles formado. Destruída que seja, por uma causa qualquer, esta harmonia, o funcionamento deles cessa, como o movimento da máquina cujas peças principais se desarranjam. (…)”. (LE. FEB, 2004:104)

Veja ainda que, como ensina Allan Kardec na nota explicativa à pergunta 70 de o Livro dos Espíritos, a quantidade de fluido vital nos seres orgânicos não é absoluta e nem é a mesma, variando entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie. E a quantidade de fluido vital se esgota, tornando-se insuficiente para conservar a vida, podendo ser renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm, além de se admitir que seja ele transmitido de indivíduo a outro, de modo a se prolongar a vida.

Um ponto importante a se destacar no contexto do estudo é que os termos “morte” e “desencarnação”, apesar de sua umbilical relação, não são sinônimos e nem ocorrem ao mesmo tempo. Isso porque, enquanto a morte refere-se ao perecimento e ao esgotamento do corpo físico, cujas causas podem ser várias, a desencarnação é o rompimento do laço que prende a alma ao corpo, libertando o espírito, que poderá ocorrer de maneira mais lenta ou rápida, serena ou perturbada, a depender da história de cada um. Assim, pode-se dizer que a desencarnação decorre da morte, e não o contrário, sendo esclarecedora a lição de Allan Kardec, abaixo citada, contida em A Gênese, p. 182:

“18. Quando um Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao germe que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo que se forma. É por isso que se diz que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse germe, como uma planta na terra. Quando o germe chega ao seu pleno desenvolvimento, a união é completa e então nasce o ser para a vida exterior.

Por um efeito contrário, esta união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do germe, cessa desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desagregação do corpo. Mantida até então por uma força atuante, tal união se desfaz logo que essa força deixa de atuar. Então o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e o Espírito é restituído à liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito”.

Assim, em termos de conclusão, temos que a vida, entendida como existência do Espírito, é eterna. Porém, a vida do corpo orgânico é limitada e o seu esgotamento, que pode se dar por causas diversas, acarreta a morte, tendo como reflexo a desencarnação, que será mais rápida ou demorada, serena ou conturbada, a depender da maneira como tivermos utilizado o nosso livre arbítrio e de como tivermos aproveitado a bendita oportunidade da reencarnação.

Frederico Barbosa Gomes

Trabalhos intensos na madrugada

As tarefas prosseguiam intensas na casa de dona Isabel. Espíritos amigos desempenhavam diversas atividades, principalmente no salão, enquanto lá fora continuava a chuva forte. Nas primeiras horas da madrugada, o movimento aumentou consideravelmente. Muitos encarnados chegavam ao recinto em virtude do sono do corpo físico. Como aprendemos anteriormente, por meio desse fenômeno a alma se desprende de sua vestimenta carnal e adentra o plano espiritual. É verdade que muitos não possuem condições suficientes para empreender longas jornadas e permanecem praticamente imóveis ao lado de seus corpos. Porém, também são numerosos aqueles que, atendendo aos princípios de afinidade e sintonia, dirigem-se ou são conduzidos a locais e instituições no Além em função do merecimento ou de suas necessidades evolutivas.

Especificamente no capítulo em estudo[1], o mentor Aniceto explicou que se tratavam de encarnados desligados parcialmente de seus corpos e encaminhados ao pouso de trabalho espiritual que era o lar de dona Isabel, a fim de que pudessem ser auxiliados com orientações a respeito das vicissitudes pelas quais passavam na Terra. O nobre benfeitor ressaltou que, nessa tarefa, há imensa dificuldade em transmitir mensagens instrutivas em lugares comuns porque frequentemente estão contaminados por matéria mental de ordem inferior. Por outro lado, destacou que em locais edificantes, como a residência de dona Isabel, a Espiritualidade Superior consegue acumular maiores quantidades de energias positivas, tornando possível prestar grande auxílio às pessoas.

Ampliando suas observações, André Luiz percebeu que muitos recém-chegados se apresentavam indecisos, cambaleantes, sonolentos, parecendo convalescentes ou enfermos. Inclusive, alguns dependiam do amparo de amigos espirituais para se manterem de pé. Aqueles encarnados estavam ali reunidos com os bons Espíritos em função do desprendimento parcial causado pelo sono do corpo físico. No entanto, a maioria não conseguia compreender com exatidão o que os benfeitores lhes diziam e o que estava acontecendo ao seu redor. Recebiam os conselhos e orientações com boa vontade, mas demonstravam enorme incapacidade de retenção e entendimento. Chegavam até a sorrir de forma infantil e ingênua. Percebendo a perplexidade de seu pupilo, o mentor Aniceto tratou de explicar a situação com sua proverbial sabedoria: “Os Espíritos encarnados, tão logo se realize a consolidação dos laços físicos, ficam submetidos a imperiosas leis dominantes na crosta. Entre eles e nós existe um espesso véu. É a muralha das vibrações. Sem a obliteração temporária da memória, não se renovaria a oportunidade. Se o nosso campo lhes fora francamente aberto, olvidariam as obrigações imediatas, estimariam o parasitismo, prejudicando a própria evolução. Eis porque raramente estão lúcidos ao nosso lado. Na maioria dos casos, junto de nós, permanecem vacilantes, enfraquecidos…”.[1]

Temos aí uma explicação para aqueles “sonhos” em que estamos num local estranho e não conseguimos perceber com clareza o que está acontecendo ou o que fazemos ali. Detectamos a presença de entidades amigas, algumas talvez até as reconhecemos, mas muitas vezes não temos como identificá-las. Vimos que estão conversando conosco tranquilamente, como se estivessem nos orientando ou consolando, mas não conseguimos compreender com exatidão o que nos falam.

Depois de algum tempo, acordamos no plano físico sabendo que algo aconteceu, o que geralmente classificamos como um simples “sonho”. Mesmo sem saber de fato o que ocorreu, ficamos com aquela sensação gostosa de que estávamos no meio de pessoas que se importam conosco e que velam por nós. E não raras vezes, durante o transcorrer das horas ou dos dias, aos poucos nos lembramos de coisas que vimos ou ouvimos naqueles momentos do “sonho” e, para nossa surpresa, constatamos que dizem respeito a soluções dos problemas que vivenciamos na Terra.

Se tivéssemos plena lembrança de tudo que acontece nesses períodos de liberdade da alma, poderíamos menosprezar as diversas oportunidades de crescimento espiritual com as quais nos deparamos no dia a dia. Correríamos o risco de ficarmos relapsos, deixando de lado nossas responsabilidades e compromissos. Todavia, em sua imensa sabedoria, bondade e justiça, Deus permite que nessas circunstâncias se levante um pouco o denso véu de vibrações que nos separam daqueles que amamos e que já se encontram no plano espiritual. Com isso, enquanto nos esforçamos e perseveramos nas labutas do cotidiano, vamos nos lembrando, de acordo com o nosso merecimento e necessidade, dos conselhos e advertências que recebemos nesses intensos trabalhos espirituais que acontecem madrugadas afora.

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier – capítulo 38 (Atividade plena).

Sensibilidade afetiva

“Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade;
mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações…”
(Pascal. Sens, 1862. Evangelho Segundo o Espiritismo- Cap. XI, item 12)

A afetividade é a capacidade do ser humano de experimentar tendências, emoções, paixões e sentimentos. Por meio do afeto entendemos o mundo, damos significado às nossas relações e à vida.

Observe quão especial se torna uma relação quando expressamos nosso afeto! Por exemplo: um casamento é uma formalidade, mas pode ser muito especial na sua vida quando você está se casando ou é casado com a pessoa que ama. Um trabalho pode ser um difícil ganha pão ou uma oportunidade de fazer seu melhor, de servir ou de estar com pessoas que admira! O luto é outro bom exemplo: quando lamentamos o desenlace de alguém, sentimos saudades, estamos expressando o afeto por aquela pessoa que acaba de partir para pátria espiritual.

Espírito Ermance Dufaux, na obra de Wanderley de Oliveira, Laços de Afeto, tece valorosos comentários sobre nossas inibições ou dificuldades afetivas. Da leitura, extraímos alguns pontos de atenção, como a necessidade de sinceramente refletirmos sobre o tema “endurecimento do afeto” e buscarmos encontrar as “feridas do coração” que lhe deram origem gerando insensibilidade no trato conosco e com os outros. Quais seriam nossas vivências dolorosas, traumas, carências, culpas, revoltas que nos conduziram à instabilidade emocional ou a relacionamentos conflituosos, regados a muita raiva, agressividade e pouca paz? Vamos refletir construtivamente?

Afirma a benfeitora que “quanto mais maduro espiritualmente, mais disposto ao afeto encontra-se o ser”. Mas a maturidade, sabemos, pressupõe muitas experiências construtivas no caminho de evolução de um espírito. É uma conquista trabalhada ao longo dos séculos, com o exercício da ponderação, da honestidade e do serviço amoroso.

 Assim, cada individualidade, neste planeta e neste momento, se encontra num determinado patamar, mas todos, certamente, com a capacidade de reflexão e dedicação rumo à reeducação de tendências, inclinações e sentimentos. Buscar a cura de “antigas feridas” e renovar atitudes, cicatrizando as “feridas do afeto”, é possível para todos nós! Entretanto, ao simples querer há que se somar a disciplina, a fé, a humildade. É preciso romper com os dolorosos grilhões da insegurança, da auto- -piedade, das exigências fantasiosas (“quero ser amado e compreendido por todos”), entendendo que é mais valoroso dar afeto do que recebê-lo, “gratificando-se no ato de amar, mesmo que não seja amado”, reforça Ermance Dufaux.

Sobre a possibilidade de vencermos nossas más tendências, nossos hábitos equivocados, nos esclarecem os Espíritos, na questão 909 da obra de Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, que sempre, através de nossos esforços, e “às vezes, pouquíssimos esforços”, poderíamos superar estas inclinações doentias, mas a verdade é que poucos entre nós estão dispostos a esta empreitada.

O desafio é buscar administrar a sensibilidade afetiva. A sensibilidade, entendida como recurso de elevação espiritual, ilumina o nosso raciocínio e nos permite: “estar sensível ao sucesso escolar do filho, ao esforço da companheira no lar, ao heroísmo do esposo em servir, proteger… com a reunião familiar para alimentação, com a oração feita em conjunto…”.

A ausência de sensibilidade afetiva nos impede de entendermos os motivos do próximo, estimula a indiferença e nos dificulta a caminhada rumo ao perdão, à tolerância e à aceitação amorosa do diverso. É tempo de mudar!

Tornar nossas relações mais afetuosas passa, sem dúvida, por conhecer nossos sentimentos, dar nome a eles, buscar controlar nossas reações e expressar carinho e atenção em todas as oportunidades, lembrando o que nos ensinou o Mestre Jesus, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar ao próximo.

 Letícia Schettino Peixoto

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A visão dos espíritos sobre a arte

No livro O Consolador, psicografado por Chico Xavier, Emmanuel traz uma definição espiritual sobre as artes ao abordar o tema. Ele diz: “a arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse ‘mais além’ que polariza a esperança humana. Artista verdadeiro é sempre o ‘médium’ das belezas eternas e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e amor”. Na resposta da questão 161 de O Consolador, Emmanuel explica a relação entre a arte e o que ele chamou de contemplação espiritual. Contemplar, segundo ele, significa abrir-se receptivamente para a experiência que gerou a contemplação, a tal ponto que a experiência absorva completamente o indivíduo que está a contemplar. Esse ato exige que voltemos a nós mesmos de maneira profunda e intensa, e compará-la a um ato de meditação íntima e única é a melhor forma de entendê-la.

No livro Nos domínios da mediunidade, psicografado por Chico Xavier, André Luiz também fala sobre esse tema. Segundo a visão espiritual trazida por ele, a arte é a mediunidade do belo, em cujas realizações encontramos as sublimes visões do futuro que nos é reservado. O belo é um conceito definidor de padrões de estética, não sendo muitas vezes definido pelo gosto particular. A arte então seria uma maneira de se expressar a beleza, na tentativa de se trazer aspectos divinos para as nossas vidas, através da busca infinita da conexão do homem com Deus. Ao vislumbrarmos as infinitas possibilidades que podemos encontrar, porque somos criações divinas, mais esperança nutre os nossos corações e os corações de todos aqueles com que compartilhamos uma arte, independente dela ser de nossa própria autoria ou não. A arte muda e sempre mudará o mundo. A revolução que as artes causam à humanidade começam em um ato muito silencioso, íntimo, um momento único entre a arte e o ser que a contempla. Toda arte vem com esse direcionamento, tocar corações de forma única. A maneira como reagimos a uma manifestação artística pode nos dizer muito mais sobre nossos próprios aspectos individuais, nosso mundo íntimo, do que propriamente condizer com a ideia original expressa da concepção artística apresentada. Contemple. Contemple o belo. Contemple as artes. Eleve-se. Mais perto estarás de uma conexão mais profunda com Deus, rumo à fixação de uma felicidade e paz necessárias ao seu processo de redenção.

Denise Castelo Nogueira

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Um convite à renovação

É com imensa gratidão que sentimos novamente os ares de dezembro se aproximando. É um mês que sempre chega colorindo e iluminando os ambientes, trazendo o espírito natalino com suas manifestações de solidariedade, talvez um pouco mais intensas numa época que representa também um marco final de um ciclo e o prelúdio de novos começos. 

E diante de tudo que vivenciamos no decorrer deste ano ímpar, repleto de desafios, não podemos deixar de volver nossos olhares para trás a fim de agradecer a Deus, com a certeza da vitória e do aprendizado que estas experiências nos trouxeram. Foram momentos de dor, perdas, solidão, tristezas, incertezas; dificuldades inúmeras que, de certa forma, não foram, mas ainda continuam presentes em nossa realidade. Contudo, o que realmente ficou no passado foi o nosso modo antigo de olhar para a vida, para nós mesmos e para o nosso próximo.

Embora existam pessoas resistentes à mudança e que ainda não despertaram para a necessidade de renovarem a si próprias, é incontestável o fato de que a mudança veio para ficar, para impulsionar nosso progresso, que a impermanência é lei da vida, e não temos outro caminho senão o de acompanhá-la com a nossa renovação interior. 

Cabe então refletirmos como temos usado nossa capacidade de renovação diante de tantos fenômenos de mudança que a vida tem colocado para cada um de nós. Como temos lidado com a nossa mente mergulhada numa revolução de informações a todo o tempo?
Como temos enfrentado as adversidades, a escassez de recursos materiais, a angústia da perda de entes queridos, os reveses, as enfermidades, os conflitos de relacionamento e na família? Mas sejam quais forem as dificuldades que atravessamos, elas significam que a vida está favorecendo nossa renovação, porque Deus nunca nos envia problemas sem que estejamos prontos para vencê-los.

O primeiro passo a ser dado em busca da renovação interior é a aceitação e a paciência, sem fuga do trabalho. O trabalho de autoaprimoramento, que deve ser constante, isto é, diário, vai exigir que nós olhemos para dentro do nosso íntimo como um observador atento, reconhecendo que há imperfeições que precisam ser acolhidas para, em seguida, serem transformadas. É um trabalho que exige desapego de nossa parte, exige libertarmos ideias antigas que construíram a imagem que carregamos de nós mesmos. Muitas vezes nos vemos como vítimas da vida, contamos algumas mentiras para nós mesmos e acreditamos nelas. Acreditamos que somos incapazes de mudar, que não vamos conseguir; que nascemos assim e vamos desencarnar assim; que os outros é que devem mudar para se adaptarem a nós; que já somos virtuosos o bastante. Acreditamo-nos desanimados, cansados, ou talvez com preguiça, ou com medo de fracassar, e assim vamos adiando indefinidamente os nossos propósitos de renovação. É possível também que estejamos aguardando algo mais acontecer em nossa vida e dar aquele “ empurrãozinho” inicial, ou alguém especial chegar; ou a cura de uma enfermidade; o emprego dos ossos sonhos ou a almejada aposentadoria; também pode ser que estejamos esperando a pandemia acabar, ou quem sabe a desencarnação chegar, para, na próxima reencarnação, assim iniciar… E enquanto não começamos, o tempo vai escoando das nossas mãos e vamos sobrevivendo…


Urge conferir valor ao nosso tempo aqui na Terra, priorizando realmente o que é essencial para a nossa evolução espiritual e para o progresso da humanidade, afinal, foi para isso que reencarnamos. Por isso temos que ter cuidado com as dispersões, com tudo aquilo que tira nossa atenção do verdadeiro propósito da nossa vida. Afinal, iremos prestar contas de cada hora abençoada que recebemos diariamente das mãos do criador.


Muitas vezes colocamos a direção de nossas vidas no “piloto automático”, que nos leva sempre para aquele lugar comum ao qual já estamos acostumados, pelo benefício da comodidade que nos proporciona, pela facilidade, por não exigir de nós reflexão e esforço constantes.

Mas a força da vontade, associada à ação persistente, poderá nos levar a um lugar diferente, a construir novos destinos, fazendo as melhores escolhas com sabedoria, e assim irmos escrevendo a nossa história a cada dia. E se já existe a vontade, vamos aceitar convite que está vindo para todos nós hoje. Vamos traçar um roteiro de renovação interior enquanto há tempo. Emmanuel, no livro Paz e Renovação, psicografado por Chico Xavier, na lição intitulada “Renovação”, nos presenteia com 15 eixos norteadores para colocarmos em prática em nossa vida ainda hoje, onde quer que estejamos. São ações que vão projetar luz em nossas sombras interiores, que vão nos ajudar no reequilíbrio espiritual sempre que formos defrontados por obstáculos e conflitos diversos. Podem até parecer  difíceis de serem concretizadas hoje, mas serão facilidades no amanhã:

“1) Zelar pela própria apresentação;
2) Aprender uma lição nova;
3) Multiplicar os interesses de viver;
4) Acentuar estudos para discernirmos
com mais segurança;
5) Partilhar campanhas de educação e
beneficência;
6) Aperfeiçoar-se na profissão;
7) Prestar serviço ao próximo;
8) Adaptar-se às novidades construtivas para acompanhar o progresso;
9) Aprimorar expressões e maneiras,
alteando ideias e emoções;
10) Ler um livro recente;
11) Adquirir mais cultura;
12) Recomeçar um empreendimento que
o fracasso esmagou;
13) Aumentar o número de afeições;
14) Sofrer complicações em favor dos
amigos;
15) Criar novos recursos de atividade
edificante, em torno de si mesmo”.

Que possamos concretizar a nossa renovação com base no Evangelho do Cristo, utilizando-nos das ferramentas que temos encontrado na Doutrina dos Espíritos, que nos traz tanto aprendizado, consolação e oportunidade de trabalho na seara de Jesus. Recorramos sempre à prece em todos os momentos, principalmente naqueles em que nos sentimos desanimados para prosseguirmos com nossas mudanças. Que o espírito natalino possa perdurar em nossos corações durante todo o ano de 2021. Que nossa alma de aprendiz esteja em Cristo, para renovarmo-nos com segurança e fortalecidos pelo amor que Ele ensinou, colorindo nosso coração e fazendo luz em nossas mentes, para coordenarmos nossas mãos no trabalho que a cada um Ele confiou.

Adriana Souza

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Na casa de Isabel

A conversa fraterna entre Aniceto, Vicente e André Luiz continuava no singelo jardim da residência de dona Isabel. Embora a sensação de tranquilidade, de repente leves brisas se transformaram em intensa ventania, acarretando um verdadeiro aguaceiro. Aproveitando a oportunidade, Aniceto destacou que o vento na crosta é sempre uma bênção celestial e que eles, Espíritos desencarnados, podem avaliar melhor seu caráter divino. Assinalou que a pressão atmosférica sobre os encarnados é de quinze mil quilos, aproximadamente. Vicente argumentou que eles não sentiam tamanho peso sobre os ombros. Foi então que Aniceto explicou: “É a diferença dos veículos de manifestação. Nossos corpos e os de nossos companheiros encarnados apresentam diversidade essencial. Imaginemos o círculo da crosta como um oceano de oxigênio. As criaturas terrestres são elementos pesados que se movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de óleo, que podem voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do material de que se constituem”.[1] Eis aí uma das diferenças entre o corpo físico e o espiritual, chamado por Allan Kardec de perispírito.

Diante do que ocorria, André notou a presença de entidades sombrias, algumas monstruosas, se arrastando pelas vias públicas em busca de abrigo contra a tempestade. Muitas se dirigiam à casa de dona Isabel e, logo depois, recuavam com medo. Novamente Aniceto esclareceu: “Não temam. Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos da sombra se movimentam procurando asilo. São os ignorantes que vagueiam nas ruas, escravizados às sensações mais fortes dos sentidos físicos. Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da experiência terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum, distante do lar. Buscam, de preferência, as casas de diversão noturna, onde a ociosidade encontra válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes torna acessível, penetram as residências abertas, considerando que, para eles, a matéria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica”.[1]

É interessante notar que tais Espíritos estavam tão materializados e tão animalizados que se comportavam como se vivessem no plano físico. Possuíam o perispírito muito grosseiro e experimentavam as mesmas sensações dos homens. Apavorados com o poder do temporal que caía, fugiam para lugares que lhes permitissem a entrada.

Mais uma vez, o mentor espiritual chamou a atenção de seus pupilos para o aprendizado: “Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece. Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos…”.[1] Depois desta lição tão cristalina, fica repetitivo qualquer comentário de nossa parte a respeito da importância da oração. Ressaltamos apenas que a prece é um dos mais poderosos recursos de que dispomos em nossa vida. Por isso mesmo, precisamos aprender a utilizá-la com sabedoria e amor.

Decorridos alguns momentos, Isidoro e Isabel, ele desencarnado e ela encarnada, mas emancipada do corpo físico por efeito do sono, surgem de braços dados, transbordando felicidade. André se surpreende, pois até então havia percebido em Isabel apenas a viúva pobre que vivia em um bairro humilde. No entanto, desprendida das vestes carnais, ela se apresentava linda e com a singeleza que lhe era peculiar. Sorridente e amável como sempre, a esposa de Isidoro informou que estavam partindo rumo a uma excursão instrutiva e que deixavam as crianças adormecidas sob o carinhoso cuidado dos amigos espirituais.

Com a expressão de sublime noivado, o casal partiu deixando no ar o momento propício para Aniceto, com sua grande sapiência, nos ensinar mais uma vez: “Observam vocês como a felicidade divina se manifesta no sono dos justos? Poucas almas encarnadas conheço com a ventura desta mulher admirável, que tem sabido aprender a ciência do sacrifício individual”.[1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier – capítulo 37 (No santuário doméstico).

Imagem de capa: freepik

 

Realizações materiais e as conquistas espirituais

Nosso talento pode ser definido como a nossa “inclinação, desejo de fazer, de conquistar”. Se temos uma aptidão para uma certa atividade, é natural que busquemos desenvolvê- -la aprimorando nossa qualificação, visando bons resultados e satisfação, pois, socialmente, nos destacamos pelo resultado de nosso trabalho, mas também por nossas atitudes ao desempenhá-lo. Cortesia, empatia, tolerância, autoconfiança, objetividade e ponderação são sempre atitudes que nos fortalecem no caminho de aprendizagem, cooperação e serviço.

Pensando assim, podemos concluir que não há qualquer contradição entre buscar a realização profissional, o conforto material e colaborar no serviço divino da evolução, conquistando valores espirituais.

Quando refletimos sobre quais são as características do nosso comportamento que precisam ser desenvolvidas ou mantidas e quais são as que precisamos transformar, podemos nos concentrar no aprimoramento dos nossos pontos fortes e monitorar nossas limitações em todos os campos da existência. É sempre bom lembrar que o autoconhecimento é exercício de amadurecimento, sendo benéfico para nossa caminhada moral e espiritual, bem como para o desenvolvimento de nosso orbe.

No capítulo XVIII, item 2, da obra A Gênese, de Allan Kardec, encontramos a seguinte afirmação sobre como se efetua o progresso do nosso planeta: “fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela purificação dos espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Essas duas fases do progresso se seguem e caminham paralelamente, pois a perfeição da morada está relacionada com a perfeição do habitante”.

Falando sobre aperfeiçoamento de espíritos, observemos caridosamente que cada individualidade tem o seu próprio dinamismo, características de comportamento, mas todos temos potencial de desenvolvimento. Reflitamos que nem sempre alcançaremos o que queremos no momento em que desejamos, mas, na maioria das vezes, por bondade e justiça divinas, obteremos aquilo de que necessitamos para seguir em frente com leveza.

O Espírito Emmanuel, na lição 57 da obra Pão Nosso, de Chico Xavier, nos instrui sobre o trabalho material: “O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do serviço, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-lhe-á a personalidade eterna, perante Jesus Cristo”. O mesmo autor espiritual, na lição seguinte desta obra, conclui: “Tenhamos cuidado contra as tristezas e sombras esterilizadoras. Má-vontade, queixas, insatisfação, leviandades, não integram o quadro dos trabalhos que o Senhor espera de nossas atividades no mundo. Mobilizemos nossos recursos com otimismo e não nos esqueçamos de que o Pai ama o filho que contribui com alegria”.

Vamos trabalhar nossas características, desenvolver potencialidades, vigiar nossas limitações e renovar atitudes. Dessa forma, é possível sucesso nas atividades do mundo e, principalmente, experimentar a satisfação verdadeira de ascender espiritualmente rumo ao Pai.

Letícia Schettino Peixoto

Esferas

Ninguém precisa ausentar-se da Terra para entrar em relações com esferas diferentes. A diversidade de nossas moradias começa neste mundo mesmo.

Cada mente vive na onda dos desejos que lhe são próprios. Cada coração palpita nos sentimentos que esposa. Residimos no lugar em que situamos a própria alma. Há quem se detenha fisicamente num palácio, sentindo-se no purgatório do desespero, e existe quem se demore num casebre guardando as alegrias de um paraíso interior. Há quem penetre no inferno da angústia, usando a chave da fortuna, e há quem alcance o Céu, manobrando uma enxada.

Cada espírito permanece na posição que lhe agrada. Por isso mesmo Jesus, em nos socorrendo na Terra, buscou ampliar-nos a visão e aperfeiçoar-nos o espírito para que se nos engrandeça a esfera individual e coletiva de ideal e realização, de trabalho e de luta.

Cada dia com o Evangelho no coração e nas palavras, nas atitudes e nas mãos é mais um passo para as eminências
da vida.

De modo a elevar-se de condição, ninguém reclame contra o cativeiro das circunstâncias. Se os sentimentos frágeis e enfermiços são produtos do ambiente em que respiram, os sentimentos nobres e robustos são organizadores do ambiente em que atuam, na sustentação de si mesmos e a benefício dos outros.

Jesus, até hoje, convida-nos, através da Boa Nova, a construir a esfera mais elevada em que nos cabe marchar para Deus. Se nos propomos a atingir as Moradas do Amor e da Sabedoria, na Luz Imperecível, aprendamos a renunciar a nós mesmos, avançando, corajosamente, sob a cruz dos deveres de cada dia, a fim de encontrarmos o Cristo em nossa desejada renovação.

(Mensagem do Livro Abrigo – lição 14 – Médium: Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)