– TEMÁTICA CENTRAL:
Trazer a lume para reflexões e comparações com os quatro evangelhos canônicos, bem como com a Doutrina Espírita, alguns ditos de Jesus, encontrado no Evangelho de Tomé no ano de 1945, junto à vila de Nag Hammadi, no Egito.
O autor (como tantos outros – Hermínio Corrêa de Miranda, Carlos Torres Pastorino, Huberto Rohden e outros tantos autores estrangeiros, que estudaram o Evangelho Gnóstico de Tomé), busca levantar a tese que, dentre os inúmeros livros considerados “apócrifos” e que foram banidos pela Igreja, afirma, que os estudiosos sustentam, que o mais próximo dos verdadeiros ensinamentos de Jesus e da Igreja primitiva é esse Evangelho de Tomé.
– DESENVOLVIMENTO DA OBRA:
O Evangelho Gnóstico de Tomé é composto de 114 “dizeres” de Jesus, sendo alguns semelhantes aos que constam dos canônicos, mas sem milagres ou histórias, contendo simplesmente os “ditos”.
Por exemplo, no dito nº 1, o Jesus de Tomé diz: “Quem descobrir o sentido dessas palavras não provará a morte”; dito 42: “Disse Jesus aos seus discípulos: sejam transeuntes”; dito 67: “Jesus disse: Todo aquele que conhece o universo, mas não conhece a si mesmo, este não possui nada”; dito 58: “Jesus disse: Feliz do homem que foi submetido à prova – por que ele achou a Vida”.
O ponto fundamental da obra é o autor desenvolver a ideia em que a grande diferença entre os gnósticos e os canônicos é que os primeiros advogam uma ligação direta com Deus, na própria intimidade, enquanto os segundos criaram uma estrutura organizada com dogmas e rituais e a ligação com Deus só ocorreria por intermédio da Igreja. Para os gnósticos, o Reino de Deus é uma conquista íntima, enquanto que para a Igreja é algo que ocorreria por procuração dada pelo crente ao filiar-se à instituição. Os gnósticos constituíam-se numa seita do Cristianismo antigo. Davam ênfase profunda ao misticismo e discordavam dos vários preceitos da hierarquia cristã emergente.
– PONTOS MAIS RELEVANTES:
O autor alega que para a exata avaliação da importância desses textos, lembra Hermínio Miranda na sua obra O Evangelho Gnóstico de Tomé, “é preciso considerar que, embora não se possa atestar a pureza virginal dos escritos, é certo que, pelo menos durante quase dezesseis séculos, eles não sofreram manipulações mutiladoras, o que está longe de poder ser assegurado quanto aos documentos canônicos. Daí o frisson que a descoberta causou nos círculos da erudição internacional”.
Os gnósticos não advogavam a ideia de que é “jesus que salva”, mas, sim, a própria criatura, por trabalho pessoal. É por essa razão que o gnosticismo foi “abafado”, pois mostrava que o caminho para a sintonia com Deus é dentro de si mesmo. Incentivando essa atitude, as pessoas iriam adquirir autoconfiança e não necessitariam de ritual algum de uma instituição externa que fosse o caminho que levaria a criatura à “salvação”. Isso também ocorre muito nas Casas Espíritas quando, passando por certos problemas de desequilíbrio emocional, a criatura quer que, com “alguns passes”, os Espíritos retirem os seus problemas “milagrosamente”. Mas, quando se lhe expõe a necessidade de mudanças íntimas para adquirir equilíbrio e paz pessoal, o “consulente” se afasta, nos diz o autor.
Os estudiosos dos Evangelhos, em seu contexto inicial, citam que a comunicação dos Espíritos era prática comum entre os cristãos, mas que a Igreja desprezou e proibiu, porque as entidades, falando por meio dos médiuns, desmascaravam os hipócritas.
O título dado a este livro de O Elo Perdido, refere-se à artimanha criada pelos líderes religiosos através dos tempos, para arrebanhar quantitativamente o maior número de adeptos-crentes, introduzindo constantes modificações nos textos Evangélicos com o objetivo de domínio político-administrativo. Dos livros banidos, aquele que a maioria dos estudiosos considera mais próxima dos verdadeiros ensinamentos de Jesus e da Igreja primitiva é – o Evangelho de Tomé.
Kardec nos alerta no livro A Gênese em seu Cap. I item 3, 7, 8:
“A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por consequência, não existe revelação. Toda revelação desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuída a Deus. Não podendo Deus mentir, nem se enganar, ela não pode emanar dele: deve ser considerada produto de uma concepção humana”.
“No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos; e esse conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados ou missionários, incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada debaixo deste ponto de vista, a revelação implica a passividade absoluta e é aceita sem verificação, sem exame, nem discussão”.
“Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos de dominação; o papel de profeta há tentado as ambições secundárias, e tem-se visto surgir uma multidão de pretensos reveladores ou messias, que, valendo-se do prestígio deste nome, têm explorado a credulidade em proveito do seu orgulho, da sua ganância, ou da sua indolência, achando mais cômodo viver à custa dos iludidos. A religião cristã não pôde evitar esses parasitas. A tal propósito, chamamos toda atenção para o capítulo XXI de O evangelho segundo o espiritismo: Haverá falsos cristos e falsos profetas”.
– SOBRE O AUTOR
É Advogado e Mestre em Direito, pela ITE – Instituto Toledo de ensino – de Bauru – SP.
É professor emérito e ex-Diretor da Faculdade Estadual de Direito – UENP – Universidade Estadual do Norte Pioneiro de Jacarezinho – PR.
Como espírita, é autor de mais de 20 livros e tem sido convidado para palestras em vários Estados do Brasil. Atua há muitos anos no movimento espírita, dedicando o seu tempo à exposição do espiritismo no Paraná e em outros Estados.