– TEMÁTICA CENTRAL:
O livro tem como temática central o fenômeno mediúnico protagonizado por José Pedro de Freitas, conhecido como Zé Arigó, célebre por realizar cirurgias espirituais em Congonhas (MG), guiado pelo espírito do médico alemão Dr. Fritz. A obra reúne relatos impressionantes de procedimentos realizados sem anestesia ou assepsia, mas que, surpreendentemente, apresentavam eficácia e ausência de dor ou complicações. Além disso, retrata a trajetória de Arigó como médium, destacando os desafios legais enfrentados por exercer práticas médicas sem formação acadêmica. O livro também aborda o impacto social e espiritual de sua atuação, que atraiu milhares de pessoas humildes e despertou o interesse de médicos, juristas e cientistas.
– DESENVOLVIMENTO DA OBRA:
O livro se estrutura como uma narrativa memorialista, com forte carga emocional e afetiva. A autora reconstrói a trajetória de Arigó desde o surgimento de suas manifestações mediúnicas até o reconhecimento — e a perseguição — que enfrentou por parte da sociedade e das autoridades. A progressão cronológica é bem delineada, permitindo ao leitor acompanhar o amadurecimento do médium e a consolidação de sua missão espiritual.
Um dos pontos fortes da obra é a riqueza de detalhes nos relatos das cirurgias espirituais, realizadas sem anestesia ou assepsia, mas que, segundo os testemunhos, resultavam em curas surpreendentes. A autora descreve esses episódios com naturalidade e respeito, sem recorrer ao sensacionalismo, o que confere credibilidade ao texto mesmo diante de um tema tão extraordinário.
Outro mérito do livro é a abordagem dos conflitos legais enfrentados por Arigó, acusado de exercício ilegal da medicina. Esses episódios são tratados com clareza e equilíbrio, revelando o embate entre a fé popular e as instituições formais de poder e conhecimento. A autora não se limita a defender o médium, mas contextualiza suas ações dentro de um cenário social e espiritual mais amplo.
– ALGUNS PONTOS RELEVANTES:
“Arigó era uma pessoa simples, um ser humano despojado de orgulho, pois jamais atribuiu a si a realização das curas realizadas, mas à generosidade do Pai Maior. Ele esquivava-se dos bajuladores, e quando recebia elogios, transferia-os para os companheiros espirituais, dizendo serem eles os responsáveis pelas curas.”
“De seu enorme coração irradiava um grande sentimento amoroso em favor não só dos doentes, mas também daqueles que o perseguiam, pois tinha uma capacidade incrível de perdoar. “
“Quando ia procurar animais no campo, ouvia vozes que o mandavam seguir em uma outra direção. Sem querer aceitar interferência no seu trabalho, ele ia na direção contrária e percebia que a outra é que era a verdadeira. Fritz dizia que ele era um “cabeça dura” e que lhe dera muito trabalho para controlar sua mediunidade.”
“Paralelamente ao exercício de sua mediunidade, começou seu grande calvário, pois como era de se esperar, surgiram as perseguições por parte do clero e também da Associação Médica de Minas Gerais, isso sem contar o preconceito que sofria da maioria da população da cidade e até mesmo de alguns familiares. Mas, mesmo assim, ninguém conseguiu impedir que ele realizasse se trabalho.”
“A mediunidade foi a ferramenta de trabalho de José Arigó nesta encarnação. Segundo informações de Dr. Fritz, Arigó, em uma de suas encarnações passadas, havia sido um grande cirurgião judeu e tinha naquele momento, nesta encarnação, a complementação de sua missão de ajudar os doentes e, ainda, de tocar os corações dos incrédulos.”
– O QUE DIZ A DOUTRINA ESPÍRITA:
” Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.” Livro dos médiuns – item 174.
– SOBRE A AUTORA:
Leida Lúcia de Oliveira nasceu em Congonhas, Minas Gerais, embora seu registro civil tenha sido lavrado em Nova Lima. Viveu em Nova Lima até 1971, quando se mudou para Belo Horizonte e, posteriormente, para Campinas (SP), onde reside até hoje.
Formou-se em Direito pela Faculdade de Conselheiro Lafaiete (MG) em 1973.
Cresceu em um lar espírita e frequentou desde criança as reuniões mediúnicas do Centro Espírita Jesus Nazareno, fundado por seu pai, José Nilo, em parceria com José Arigó.
Conviveu com Zé Arigó desde a infância, pois ele era amigo íntimo da família.
Dos 10 aos 23 anos, atuou como assistente nas cirurgias espirituais realizadas por Arigó sob a orientação do espírito Dr. Fritz, acompanhando de perto os fenômenos e os atendimentos.
Desde 1994, participa do Grupo Espírita Caminheiros, em Campinas, onde se dedica a trabalhos sociais e espirituais.