O EVANGELHO DE JOÃO Volume 1
“Ampara o livro Espírita em sua função de Mentor da Alma na Cátedra do Silêncio” – Emmanuel/ Chico Xavier – Livro Cura.
TÍTULO DA OBRA: O EVANGELHO DE JOÃO Volume 1
EDITORA: Intelítera
AUTOR ENCARNADO: Haroldo Dutra Dias
Em leitura de sua obra, observamos nosso ilustre Haroldo a nos mostrar a dissertação do apóstolo João sobre nosso Mestre com o cuidado em nos
trazer os detalhes etimológicos que mais seguramente nos remetem ao entendimento do viés espiritual de seu evangelho.
As raízes gregas das definições ali apresentadas são evidenciadas com o intuito de servir a nós como chave ao entendimento da expressividade trazida por João sobre a vida de Jesus.
Os esclarecimentos sobre as razões pelas quais o evangelho foi assim redigido são mostrados e por isso o entendimento àquele espírita mais preparado é facilitado. Por isso, a obra é voltada aos nossos irmãos mais ambientados com a nossa querida Doutrina Espírita tendo em vista o alcance de entendimento a que o texto possibilita e pretende.
Entretanto, hão de ser reavaliados dois pontos na apresentação do autor os quais, aos mais desavisados, poderia levá-los a um entendimento, senão restrito, errado, sobre o considerado evangelho e sobre sua interpretação, esperada ser alinhada com a Doutrina Espírita. Estes pontos de observação são abaixo listados em sequência:
Primeiramente, nos deparamos com uma afirmação no capítulo 9 da referida obra, entitulado “O Mundo não conheceu Jesus”, onde o autor afirma que a nossa aproximação até Deus, assim como a do Mestre Jesus, “é uma série infinita resumida pelo número 2” (pg.84 da 2aEd). Nesse ponto, foi assumida a aproximação feita sempre em metade da distância. Por isso a sua resolução pela série expressa pelo número dois.
Entretanto, não há como afirmarmos que estamos sempre nos aproximando em metade da distância até Deus de forma constante e repetitiva, justificando a construção da série. Em verdade, também não há como afirmarmos que Jesus assim o fez. Haverá pessoas que poderiam diminuir sua distância até Deus em metade do valor, o que, por si só, seria um feito grandioso. Mas acreditamos que, considerando-se a distância de cada um de nós até Deus, que é imensa, especialmente aqui na Terra, mundo de provas e expiações, esse feito estaria restrito a um percentual absolutamente mínimo da humanidade. Se considerarmos ainda a repetição de tal feito louvável, esta seria, ao nosso ver, relativamente mais fácil do que a primeira metade, mas honestamente não conhecemos relatos nesse sentido em nossa amada literatura Espírita ou ainda em outros entendimentos religiosos ou filosóficos.
Poderíamos considerar a existência de um Espírito que conseguisse uma aproximação cada vez mais relevante em direção a Deus, mas é prudente também considerar que tal aproximação poderia ser dar inicialmente em 1/8 da distância, depois mais 1/6, em seguida mais 1/32, ou seja, de forma imprevisível, apesar de constante. Outros, talvez a grande maioria, estariam em aproximação muito mais comedida, talvez 1/1.384 ou ainda, 1/1.327.849. Os números aqui são evidentemente aleatórios, somente exemplificativos para o entendimento da nossa proposição. A aproximação sempre em metade da distância é uma afirmação no mínimo tendenciosa, senão improvável, para simplificar perigosamente o processo.
Outro ponto bastante relevante, senão o mais importante, é o fato de não haver a medição da nossa distância até Deus. Não há como saber se demos
um passo em metade de um valor que em verdade não conhecemos. Clara é a existência de desenvolvimentos matemáticos abstratos onde não há estipulação de valor concreto, no caso, de valores de distância. Entretanto, pela própria definição dos atributos de Deus, que são infinitos, nossa distância até Ele é infinita. A metade do inifinto é o próprio inifinito. Qualquer fração do infinito também o é. Poderemos nos aproximar do infinito, mas sempre estaremos a “outro infinito” de distância. Bem sabemos que essa é uma discussão matemático-filosófica das mais intrincadas, senão a mais complexa de todas, e não pretendemos aqui exaurir o tema.
Em forma de apresentação não matemática, nós, enquanto Espíritos, pelo nosso livre arbítrio, temos a incerteza da consecução de tal feito sempre em razão de dois em direção à luz de Deus. O tamanho dos nossos passos dependerá das nossas escolhas.
Observamos na criação divina, diversos efeitos correspondentes à série inifinita de resolução igual a dois. Exemplos disso são a irradiação eletromagnética e a própria atração da gravidade. Isso eventualmente nos induz à analogia com a nossa própria caminhada espiritual. Mas como dissemos, nosso livre arbítrio e a infinitude de Deus não nos permite tal comparação de forma segura.
O fato correto é, como foi muito apropriadamente afirmado na Doutrina Espírita, nunca seremos totalmente alinhados a Deus em sua perfeição, pois disso resultaria a criação de “outros deuses”, o que é uma contradição forte em relação ao próprio conceito da divindade.
O segundo ponto que gostaríamos de trazer é a afirmação no capítulo 23, “Perícopes”, na página 185 da referida edição, onde nos é trazido: “…a Terra não é a maior preocupação do Criador.”
Acreditamos ser essa uma forma de expressão antropormófica, a qual distoa de toda a conceituação Espírita e do propósito da obra em análise. É extensamente sabido entre aqueles ambientados na Doutrina Espírita que Deus não está sujeito a preocupações. O sentimento de preocupação nos remete à desconfiança de que algo poderia não caminhar segundo nossos projetos, conhecimentos ou previsões sobre aquilo que criamos, conhecemos ou observamos.
Neste ponto, considerar “um Deus preocupado” com qualquer coisa que seja é o mesmo que considerá-Lo impotente em criar a perfeição de Sua obra. É ponto pacífico àquele que já superou a visão antropormófica sobre o Criador a inadequação da atribuição de sentimentos humanos a Ele. Isso seria apequená-Lo às nossas limitações. Sentimentos de preocupação, ira, pena, e outros tantos listados por nós em nossas vidas não estão presentes na excelsitude de Deus, onipresente, onisciente, perfeito.
Também gostaríamos de deixar aqui aclarado que os pontos trazidos nessa análise poderão facilmente ser reescritos em futuras edições, engrandecendo a valorosa proposta do autor.
Portanto, apesar desses pontos de desacordo no texto em análise entre o autor e a Doutrina Espírita, ainda o recomendamos para leitura, guardado o
devido direcionamento aos mais aprofundados no estudo das Leis de Deus e por isso mesmo capazes de suplantar os pontos em descordância aqui destacados, não prejudicando o restante dos conhecimentos ali trazidos ao dedicado leitor.