Amar os diferentes

O amor a Deus pressupõe respeitar o mundo e os diferentes seres que Ele criou. O Espírito Emmanuel nos esclarece que é necessário “trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um só Pai”. Repensemos, à luz da abençoada Reencarnação, a nossa postura com relação à família e aos com quem convivemos.

O Evangelho segundo o Espiritismo trata, no Capítulo XIV, sobre a parentela corporal e a parentela espiritual. Somos filhos de um grupo consanguíneo, de um grupo genético, nossa parentela corporal, biológica. Nos reencontramos para experiências. Pode ou não haver afinidades entre os membros desta família, mas sempre há a necessidade de ajustes dos desacertos de outras vidas, para que possamos todos progredir.

Entretanto, existe uma família muito maior do que a corporal, ao nosso redor ou distante de nós, que é a nossa família espiritual. Nessa estão as criaturas próximas da nossa frequência interior, são almas a que nos ligamos por afinidades, não obrigatoriamente porque tenhamos vivido no passado, mas porque temos ideais semelhantes, porque temos os mesmos gostos para as coisas.

Certo é que, sob a luz do Evangelho do Cristo, podemos rever crenças e valores, desenvolver talentos adormecidos, nos dedicando com esforço e disciplina aos desafios no lar, no trabalho e em qualquer parte onde haja oportunidade de servir nossos parentes da carne ou do espírito.

É tempo de intensificar o afeto aos antipáticos, aos que nos são indiferentes e de tolerar os que nos causam aversão. Como? Jamais emitindo pensamentos ruins e muito menos tendo atitudes negativas para com eles. Procuremos de início estabelecer a simpatia para, logo mais, amá-los efetivamente, conforme a recomendação do Cristo. Para quem busca amar verdadeiramente ao próximo, nos termos da proposta de Jesus, cabe ainda refletir sobre o trabalho interior de recuperação. Segundo o Espírito Ermance esse trabalho íntimo é um resultado de três ciclos que amadurecem a nossa experiência emocional e psíquica. O 1º: o autoconhecimento; o 2º: a autotransformação; o 3º: o autoamor.

A sugestão é começar, o quanto antes, a cuidar do enfermo que está dentro de cada um de nós, promovendo-nos à condição de saudáveis filhos de Deus. Buscar na reflexão conhecer e enfrentar o nosso sombrio, orar pedindo coragem para nos desfazer de velhas ilusões, nos afastar das mágoas, das culpas e dos medos paralisantes, abrindo portas para o novo, para a fraternidade, para a compaixão e a caridade.

Letícia Schettino

Alan Kardec: Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIV, item 8. Espírito Emmanuel: Fonte viva, Cap. 159/ Vida e Sexo, Cap. 2. Psicografia de Francisco C. Xavier. Espírito Ermance Dufaux: Emoções que Curam. Psicografia de Wanderley Oliveira.