Recomeçar sempre
O Espírito Emmanuel, nos deixou a seguinte mensagem: – “Janeiro a Janeiro, renova-se o ano, oferecendo novo ciclo ao trabalho. É como se tudo estivesse a dizer: Se quiseres, podes recomeçar. Disse, porém, o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho. Desse modo, desfaze-te do imprestável. Desvencilha-te do inútil. Esquece os enganos que te assaltaram. Deita fora as aflições improfícuas. Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos, todavia, de que tudo volta, menos a oportunidade esquecida, que será sempre uma perda real”.
Para acolher verdadeiramente Jesus e seguir no caminho do progresso espiritual é preciso ter vontade e coragem para vencer hábitos antigos e soluções costumeiras, que dominamos, mas que nos incomodam intimamente. Se estamos em busca de renovar a maneira de nos relacionarmos com Deus, conosco, com parentes e com companheiros e se precisamos encontrar mais leveza, confiança e alegria no nosso caminhar é necessário acabar com estruturas arcaicas de dominação e de discriminação.
A proposta é vivenciar a Boa Nova mudando a forma de pensar e agir. Atuar neste sentido com determinação, com respeito e carinho, com autoamor e com misericórdia, porque somos falíveis e não existe mágica. Mudar é um processo – começamos, recomeçamos, insistimos… não há espaço para falsidades e culpas, apenas para confiança no Criador. Jesus não veio “remendar”, mas trazer algo novo e ele é nosso mestre, nosso exemplo, nosso arrimo nos momentos difíceis que, certamente, vivenciaremos.
No capítulo 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, com base nas palavras de Jesus (Mateus, 7:3 a 5), diz que é grande a insensatez do homem ao ver o mal nos outros antes de ver aquele que está nele próprio. Ressalta que o orgulho faz com que disfarcemos os nossos defeitos, tanto físicos quanto morais, e nos apressemos em apontá-los nos outros. Segue ainda dizendo: “Infeliz daquele que diz: ‘Nunca perdoarei’ (…)com que direito pedirá a Deus o perdão das sua próprias faltas, se ele próprio não perdoa as dos outros?”
Justificamos a dificuldade em desculpar as faltas alheias porque fomos injustiçados, mas não nos perguntamos se a causa real não estaria na nossa arrogância. Dificilmente aceitamos ser portadores desta doença moral, que chega por meio do vírus do egoísmo e atinge a maioria de nós. Quantas rusgas e atitudes grosseiras em família e entre companheiros estão baseadas em disputas infundadas, em certezas absolutas, na rigidez de ideias. Há no ar um sentimento de superioridade que não consegue suportar o brilho do outro. Há no fundo dos corações medos e inseguranças que não admitimos e que nos levam a ver no outro o opositor, a ameaça.
Vigiemos pois o impulso para progredir, o instinto de conservação e à necessidade de segurança, que são os fatores de motivação para a coragem, para ousadia e para a superação. Estes fatores permitem o nosso desenvolvimento espiritual e o progresso da humanidade, entretanto, se nos deixarmos levar por eles sem a escora da humildade, do respeito ao outro, sem conhecer o nosso verdadeiro tamanho, a dor chegará para o necessário reajuste.
Atitudes simples podem nos apoiar para recomeçarmos de forma melhor a cada dia. Que tal perceber atitudes arrogantes, se desculpar, se colocar no lugar do outro, se cuidar, trabalhar os sentimentos e evitar que as lembranças desagradáveis de acontecimentos e de pessoas na condição de opositores, permaneçam no pensamento?
Vamos tratar de renovar nossas ideias, focando em momentos e situações positivas, na necessária misericórdia para com o outro e na piedade para nós mesmos! Instrui-nos o Espírito Simeão da seguinte forma: “Esquecei o mal que vos foi feito e pensai apenas no bem que podeis fazer.”
Letícia Schettino
Palavras de Vida Eterna, Francisco C. Xavier, pelo Espírito Emmanuel.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 10, Allan Kardec.
Escutando Sentimentos, Wanderley Soares de Oliveira, pelo
Espírito Ermance Dufaux.