Nossas emoções e ações
“Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis e desobedientes, e reprovados para toda boa obra. Paulo (Tito, 1: 16.).”
Conhecer o Evangelho de Jesus e respeitá-lo, buscar os esclarecimentos deste roteiro precioso por meio da Doutrina Espírita é certamente um passo importante. Agindo assim, ampliamos nossos conhecimentos, buscamos explicações para os acontecimentos da vida e consolação para as dores de nossas almas. Dizemos que buscamos Deus em tudo em todos e que nele confiamos, nos declaramos seguidores de Jesus, o Cristo. Entretanto conforme nos assevera o apóstolo Paulo, na rotina das horas negamos a existência do Criador, através daquilo que pensamos, da forma como nos exprimimos e agimos.
Em sintonia com as afirmações de Paulo acima, na obra Caminho Verdade e Vida, o Espírito Emmanuel diz-nos que não há “como conciliar o conhecimento de Deus com o menosprezo aos semelhantes” e que com o apoio dos benfeitores espirituais devemos trabalhar o nosso reajustamento sentimental, “para que a luz divina se manifeste nas relações comuns dos homens”. O seguidor sincero de Jesus busca reconhecer, diariamente, quem realmente é, ou seja, sem se reprimir ou se envergonhar, observa e admite seus sentimentos. Trata-se de um exercício a longo prazo, aprendemos assim o auto-amor e, também, o respeito a cada individualidade. Ao longo do tempo, passamos a pensar e a agir de forma mais amorosa para conosco e para com os companheiros de caminhada.
Reparem, por exemplo, o que ocorre quando, de repente, as coisas acontecem nas nossas vidas sem nosso controle. Qual é nossa atitude, como agimos se algum de nossos planos falha? E se alguma conquist tem de ser adiada, um parente ou colega de trabalho ou de tarefa espírita não se comporta conforme nossas expectativas? E nos casos em que, sem que pudéssemos imaginar, somos traídos, roubados, perdemos bens materiais, o emprego? Os reflexos que mais se destacam mediante as frustações são as reclamações, o mau-humor, a angústia e a raiva. É normal sentir-se incomodado, triste, porque a frustação é uma emoção de difícil domínio, mas lembremo-nos de que todos vamos experimentá-la ao longo de nossas jornadas. Faz parte de nossa educação moral.
Alguns apresentam baixa ou baixíssima tolerância às frustrações e reagem transformando-as num dissabor, numa contrariedade, numa tempestade, ou pior, por vezes descarregam seu desequilíbrio emocional nos outros, com todo tipo de violência e destempero. Sim, muitos de nós sequer percebem estes distúrbios de comportamento, apenas reagem e ferem a si mesmos e aos companheiros. As consequências? Mágoas, rancores, baixa autoestima, culpa, relações destruídas, saúde comprometida.
Sem dúvida, é preciso transformação! A cada destempero, a cada atitude mediante fatos externos e internos que nos perturbam é positivo orar, meditar e se questionar: o que estou verdadeiramente sentindo? Devemos repensar o hábito nocivo de controlar a tudo e a todos e concentrar nossos esforços nos pensamentos construtivos, nas atitudes mais leves e respeitosas, praticando a caridade da tolerância para conosco e para com os irmãos.
Que tal o desafio de buscar, a cada contrariedade, ver outros ângulos da mesma questão? Confiar na Divindade e buscar apoio?Afinal as nossas obras individuais devem ser a real afirmação do bem e refletir a luz Divina! O verdadeiro espírita deve trabalhar para domar suas más inclinações, ensina-nos Kardec. E lembrando Jesus: “Nem todos os que me dizem: ‘Senhor! Senhor!’— entrarão no Reino dos Céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus, 7:21)
Letícia Schettino
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVIII, item 9., Allan Kardec.
Caminho, Verdade e Vida, Lição 116, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel.
Escutando Sentimentos, Wanderley Soares de Oliveira, pelo Espírito Ermance Dufaux.