Um passo além…
Encontraremos em Aristóteles uma reflexão bem profunda que diz: “O todo é sempre maior que a soma de suas partes.” Ao apreciarmos essa bela filosofia e associarmos à Doutrina Espírita, conseguiremos compreender rapidamente como ela ocorre na prática. A partir do momento em que compreendemos que somos um coletivo de pensamentos, sentimentos e expressões; que nunca estamos sós; que agimos sempre acompanhados por “uma multidão de testemunhas”, passamos a ter maior consciência de nossos atos. E, por consequência, começamos a refletir com mais critério acerca de tudo aquilo que ocorre em nossas vidas.
O espiritismo nos revela o quanto somos influenciados uns pelos outros. E, neste sentido, nos responsabiliza ainda mais diante de nossos atos, pois nos faz compreender que o problema de um é o de todos. Não estamos sós e não avançamos sós. Compreender que nossa participação tem um efeito coletivo é a base para a edificação da melhoria de nós mesmos e, por consequência, de todos. É neste âmbito que, ao somarmos todas as partes iremos sempre alcançar algo maior daquilo que já possuímos. Esse talvez seja o princípio filosófico do conceito de evolução.
Contudo, precisamos ainda discutir o nosso modo de proceder. Ideologias e filosofias são plataformas significativas para que as ações se expressem. Crenças e concepções só se fortalecem com atitudes e realizações. Tiago já nos advertia que “a fé sem obras é morta”.
Aqui, convidamos a todos para darem um passo além…
Um passo além de onde estamos, do que temos feito, do que temos pensado, do modo como temos relacionado…
Um passo além do nosso modo automático de agir, de falar e de sentir…
Compreendendo a evolução como um movimento contínuo, precisamos entender claramente que passo além é este que precisamos dar. Emmanuel, no livro Justiça Divina, no capítulo “Nas leis do amor”, nos explica o sentimento e atitudes que são os pilares para alcançarmos a evolução: “À medida que penetramos os segredos do amor puro, vamos reconhecendo que ninguém pode ser realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho em que avança.”
O passo que precisamos dar é além de nós mesmos. Vencermos nosso egoísmo e, por consequência, tudo aquilo que se desdobra dele em nosso dia a dia, em nossas relações; em nosso trabalho, família, instituições; de modo geral, em tudo aquilo que nos associamos.
Em Fonte Viva, no capítulo “A cortina do ‘eu’”, Emmanuel tece uma bela dissertação sobre o quão sutis são as faces por onde o egoísmo se esconde. Enxergar por detrás da cortina exige de todos nós abertura e mobilidade. Ele mesmo nos alerta que “por trás da cortina do “eu”, conservamos lamentável cegueira diante da vida.” E ampliando nosso conceito de ego ele nos mostra o quanto continuamos sendo egoístas até quando agimos enquanto “coletividade”. E, como conclusão de nossa reflexão, fica a mensagem de Paulo, aos Filipenses, que é a introdução deste capítulo de Emmanuel (que vale muito ser conferido): “Porque todos buscam o que é seu e não o que é do Cristo Jesus.”
Carla Barros
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