Choque Anímico

A palavra anímico vem de alma e, no espiritismo, temos o termo choque anímico para se referir ao contato entre os perispíritos (corpos espirituais) de um desencarnado perturbado e o de um médium, que está sereno, em prece e que procura transmitir um choque de boas vibrações ao Espírito desorientado, auxiliando-o em seu reequilíbrio. Grosso modo, a situação se assemelha a quando abraçamos com amor uma pessoa que se encontra desequilibrada e lhe transmitimos carinho e paz.
Por que o choque anímico é importante? Porque quando um Espírito é conduzido à reunião mediúnica, nem sempre ele está em condições de receber esclarecimento e consolo. Há situações em que sua desarmonia é tão grande que a doutrinação ou o diálogo são, praticamente, ineficazes. Por outro lado, os esclarecimentos e as explicações necessárias aos desencarnados, em condições razoáveis de entendimento sobre sua atual condição no Além, podem ser fornecidas no plano espiritual, sem a necessidade de comparecer a uma reunião mediúnica ou de contar com a colaboração de médiuns.
Aliás, esse foi o motivo dos questionamentos de André Luiz: “Por que motivo se reuniam ali [na casa de dona Isabel] tantos desencarnados? Já que recebiam assistência espiritual, não poderiam congregar-se em lugares igualmente espirituais?” [1]
O mentor Aniceto, com sua proverbial sabedoria, explicou: “De fato, André, a maioria dos desencarnados recebe esclarecimentos justos em nossa esfera de ação. Você mesmo, nos primórdios da nova experiência espiritual, não foi conduzido ao ambiente de nossos amigos corporificados para o necessário encaminhamento. Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contato das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. Esta sala, em momentos como este, funciona como grande incubadora de energias psíquicas, para os serviços de aclimação de certas organizações espirituais à vida nova. (…) Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano está cheio dum magnetismo de teor mais significativo para eles. Com semelhante contato, experimentam o despertar de forças novas. Por isso, o trabalho de cooperação, em templos desta espécie, oferece proporções que você, por agora, não conseguiria imaginar. Não observou os preguiçosos, os dorminhocos e invigilantes que vieram colher benefícios nesta casa? Pois eles também deram alguma coisa de si. Deram calor magnético, irradiações vitais proveitosas aos benfeitores deste santuário doméstico, que manipulam os elementos dessa natureza, distribuindo-os em valiosas combinações fluídicas às entidades combalidas e inadaptadas.” [1]
É muito comum a existência de Espíritos sofredores que chegam às nossas reuniões como se estivessem muito doentes, extremamente debilitados. Alguns apresentam dificuldades para falar e até mesmo para perceber o ambiente em que se encontram. No entanto, aos poucos e por meio do contato com o perispírito do médium e das energias emanadas pelos participantes da reunião, o Espírito começa a se sentir mais animado, desfruta novamente de seus sentidos e, enfim, experimenta a surpresa de estar vivo sem o corpo físico, embora muitos ainda nem saibam disso.
Interessante notar como esses recintos se transformam em grandes câmaras acumulativas de energias psíquicas, um magnetismo próprio dos encarnados que é capaz de proporcionar alívio aos desencarnados. Curioso que até mesmo aquelas pessoas que participam da reunião mediúnica que estão como os pensamentos longe dali ou que caem no sono acabam beneficiando nossos irmãos infelizes, uma vez que lhes cedem suas energias magnéticas, as quais são trabalhadas pelos mentores e se transformam em indispensável lenitivo.
É como diz Aniceto: “Tudo tem algum proveito, André. Nosso Pai nada cria em vão.” [1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por
Francisco Cândido Xavier – capítulo 48 (Pavor da morte).

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