Ajuda-te e o céu te ajudará
À medida que avançamos no conhecimento do Evangelho de Jesus, com o auxílio das chaves que a Doutrina Espírita nos oferece, amplia-se nossa capacidade de visão diante das circunstâncias da existência e, por consequência, altera-se nossa capacidade de compreensão das vicissitudes que a vida nos oferece.
Ao reencarnarmos, pedimos no plano espiritual as provas necessárias ao nosso aprimoramento espiritual. O Livro dos Espíritos, na questão 132, diz-nos: “Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.”. Ou seja, reconhecendo-nos como filhos de Deus, estamos todos reencarnados para auxiliar o Pai na obra da criação e não necessariamente para atender nossos interesses particulares. E o Espírito de Verdade continua na mesma questão: “Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”.
No imperativo “ajuda-te”, reconhecemos a necessidade primeira de acionarmos a vontade na busca dos valores íntimos que irão promover nossa libertação espiritual. Quando o Cristo define: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (João 4:34), percebemos que a nossa vontade deve ser direcionada para ajustar-se à vontade de Deus, que sabe o que é melhor para cada um de nós.
Não existe aquisição de felicidade, de paz, de plenitude e até de saúde orgânica sem o esforço próprio. Em todas os processos de cura, Jesus perguntava: “Que queres que te faça?” (Lucas 18:41). Emmanuel, através de Chico Xavier, diz-nos: “Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens?”.
“Ajuda-te que o céu te ajudará” não significa uma “troca” que realizamos com o Criador a fim de sermos amados por Ele. Nada do que fazemos ou deixamos de fazer poderá alterar o amor de Deus para conosco. Em suma, somente no sacrifício do nosso egoísmo é que descobriremos o reino de Deus que está dentro de nós mesmos, pois Este Reino, que representa o coroamento de nossa evolução espiritual, não vem com aparência exterior.
Eurípedes Mariano Cunha
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