Ano Novo: tempo de novas semeaduras
É com muita gratidão, alegria e esperança que vemos despontar no horizonte os raiozinhos de luz do ano de 2022 que vem chegando… E como é de se esperar em toda virada de calendário, o convite para experimentarmos uma alvorada nova dentro dos nossos corações não pode faltar.
Sempre que caminhamos rumo a um destino, é comum olharmos para trás em alguns momentos, a fim de continuarmos seguindo em frente com mais confiança e sabedoria. Olhamos para as marcas que ficaram no caminho; trazemos na memória as pessoas que não seguem mais ao nosso lado; e também olhamos pra tudo aquilo que já experienciamos. Alguns desafios superados, outros não. Recordações de travessias que despertam em nós sentimentos de melancolia e tristeza, devido às perdas, às dificuldades e enfermidades vivenciadas… Outras vezes sentimos saudades dos momentos felizes que tivemos e de tudo que pareceu ter passado mais rápido do que o “normal”.
2021 foi um dos anos mais difíceis da nossa história. E esse olhar reflexivo para ele, agora, é importante para nos despedirmos e nos desapegarmos do que passou, reconhecendo a importância de cada acontecimento em nossas vidas e ficando apenas com o que de melhor ele nos trouxe: o aprendizado.
Jesus nos recomendou que tenhamos sempre “olhos de ver”. O modo como enxergamos as coisas que acontecem ao nosso redor e conosco mesmos influenciam muito em como iremos receber o que ainda está por vir. Aceitar com resignação o que não podemos mudar e dar boas-vindas a tudo aquilo que podemos fazer de novo em nossa realidade, para transformá-la para melhor, é o primeiro passo para a plenitude. É compreender que, independente das dores que estejamos sentindo, tudo o que acontece está amparado pelas leis de amor, justiça e bondade de Deus.
Embora não seja fácil de reconhecer, os frutos amadurecidos pela pandemia muito contribuíram para a nossa evolução espiritual. Vivências de recolhimento e isolamento social possibilitaram a introspecção, o autoconhecimento, o despertamento de potenciais da alma, como a tolerância, a paciência, a autonomia, a superação, a fé e muitas outras virtudes. Abraçando a solidão ou vivenciando períodos conturbados na convivência familiar, cada qual recebeu a oportunidade bendita de fortalecimento ou reconciliação de que precisava. Como já dizia sabiamente Alcíone no livro Renúncia, autoria de Emmmanuel, psicografado por Chico Xavier: “Quantos bens ficarei devendo à solidão e ao sofrimento?”
Com a casa espírita de portas materiais fechadas, qual de nós não sentiu uma tristeza profunda? Mas depois aprendemos que o verdadeiro templo do Cristo é o coração. Como nos diz Auta de Sousa em um trecho do seu poema belíssimo, intitulado “Mensagem Fraterna”: “ (…) Volve ao teu templo interno e abandonado, a mais alta de todas as capelas, e as respostas mais lúcidas e belas, hão de trazer-te alegre e deslumbrado.” Também conseguimos captar o quanto os espíritos da casa de Glacus nos ampararam neste período tão difícil, adequando suas atividades e nunca deixando faltar o auxílio a todos.
Aprendemos novas formas de transcender e de ajudar, de confiar no amparo divino, fortalecendo nosso espírito num tempo em que vimos bem nítida a efemeridade de todas as coisas materiais e a fragilidade da vida humana na Terra. Presenciamos uma revolução tecnológica na comunicação, na inovação das formas de trabalho, na interação e o avanço da ciência. Tivemos mais uma vez, a compreensão do quanto o espiritismo se apoia na valorização da ciência e na razão, e não numa fé cega.
Percebemos o crescimento de muitas frentes de trabalho voluntário, realizando prodígios de solidariedade. Surgiram novas formas de se expressar a afetividade e celebrar a vida. Vencemos barreiras que considerávamos intransponíveis.
Reportamo-nos ao momento presente. Vamos volver nossos olhos de ver para as nossas mãos e pensar em tudo que elas podem semear em 2022. É chegada a hora de selecionar as sementes para o plantio na seara do Cristo, para uma colheita produtiva no bem comum. É tempo de deixar a acomodação de lado, o desânimo, a lamentação, a inconformação e partirmos para a ação. Não mais esperar que a tempestade cesse e que os melhores ventos soprem em nossa direção para começarmos a espalhar as novas sementes. Porque o tempo está escoando das nossas mãos a todo instante e a hora certa chama-se agora.
Vamos lá! Pegue papel e caneta e faça o contorno de sua mão. Escreva no contorno dos dedos as cinco prioridades para a sua vida enquanto espírito reencarnado. Essas prioridades representarão, juntas, o objetivo da sua atual reencarnação, ou seja, sua missão de vida, ou em outras palavras seu propósito, ou ainda, o sentido da sua vida. Em seguida, ao lado da sua mão, você vai desenhar algumas sementinhas para cada uma das cinco prioridades citadas e escrever dentro de cada uma o que você precisa fazer, o passo a passo, para alcançar, na prática, tudo o que escreveu no contorno de sua mão.
É um exercício simbólico, mas que nos ajuda a discernir e a focar as nossas ações naquilo que é essencial. Nosso irmão Pedro de Camargo também já nos disse uma vez: “o que são símbolos senão a materialidade de uma ideia espiritual?”
O ato de refletir sobre a nossa vida, e planejar o que vamos fazer dela, plasma ideias em nossa mente, ideias estas que determinam as atitudes e as palavras que comandam nossas ações. Assim também nos ensinou Emmanuel em seu livro Pensamento e Vida, psicografado por Chico Xavier.
O que realmente importa neste exercício é a qualidade das sementes a serem plantadas e não a quantidade. Precisamos escolher ações consoantes com nosso propósito de vida, para dedicarmos nosso precioso tempo a elas. Muitas vezes preenchemos todo o nosso tempo com muitas ações que não estão contribuindo em nada com a nossa missão, com a nossa singularidade enquanto espíritos eternos, temporariamente em passagem pela Terra. Nossas ações também devem estar respaldadas no Evangelho de Cristo – nossa referência de vida.
Feito esse exercício de reflexão e planejamento, coloque seu desenho num local bem visível para você, de forma que você não se esqueça nenhum dia sequer do sentido da sua vida. E… “mãos à obra!” Vamos semear!! Vamos espalhar nossas sementes. Cultivar nossos sonhos. Fazer crescer a esperança, cooperando uns com os outros no bem comum. Que possamos sempre lembrar das palavras de incentivo do nosso querido irmão Glacus, para nos unirmos na adversidade porque “a união faz a força e o que plantamos de bem fica para a eternidade”.
Que 2022 seja o tempo de renovar as esperanças na vida e acreditar em você de novo!! E que possamos lembrar também dos sábios conselhos do nosso saudoso irmão Ênio: ”Continuem firmes e perseverantes na fraternidade porque renascemos para isto. Para refazermos com amor e bondade rumo ao caminho da luz. O planeta está passando por transformações necessárias para que o clima seja mais ameno no futuro. Lutem com garra, vontade, determinação e disciplina. Sem disciplina não conseguiremos viver uma vida plena.”
Adriana Souza
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