Livre-arbítrio
Todos os dias podemos construir nosso futuro. Não há azar ou sorte, não há predestinação, não há destino. Essa é a realidade que os ensinos doutrinários espíritas apresentam [1]. O Espírito por natureza, mediante o seu pensamento e ações, tem o direito de fazer tudo o quanto achar conveniente ou indispensável à conservação e o desenvolvimento de sua vida. Essa liberdade especial que o indivíduo detém está estabelecida nas leis de Deus, que concede ao ser inteligente pensar e agir conforme o seu próprio discernimento, assumindo, por consequência, completa responsabilidade decorrente de suas escolhas. A essa faculdade concedida denominamos livre-arbítrio.
Cabe ressaltar a distinção do que é obra da vontade de Deus e do que é da vontade do homem. Somos livres para plantar, contudo somos obrigados a colher esse plantio [2]. Pela aquisição de conhecimentos que o Espírito adquire através das experiências, das vivências e convivências acumuladas ao longo de sucessivas reencarnações, nós decidimos quais serão os nossos valores ideológicos, éticos, culturais, religiosos e afetivos, de acordo com nossa coerência interna e nosso grau evolutivo. E todos esses fatores são capazes de condicionar e cercear a nossa liberdade.
É necessário maturidade para entender que essa liberdade perpassa por um conjunto de leis, e uma delas é a evolução, um fundamento da vida. Torna-se importante que o Espírito tenha consciência de que somos em síntese a causa e o efeito de nossas atitudes. Afinal, um minuto mal aproveitado pode induzir-nos a perder um século [3]. Allan Kardec esclarece que as decisões equivocadas, na realidade, muitas vezes, são tomadas por um espírito ignorante em que a razão não teve tempo de amadurecer. Que se o conhecimento das leis divinas ou naturais que lhe são externas se tornasse interno e consciente, ele evitaria esses erros [4].
Cada um de nós tem efetuado essa evolução da sua maneira e ritmo próprio, fazendo com que o resultado de comportamentos adotados no decorrer de nossa trajetória definam o que somos na atualidade. No entanto, apenas quando introjetarmos as leis divinas como normas de conduta, conseguiremos atingir um ponto moral em que o homem possuirá e governará a si mesmo. O espiritismo é uma doutrina essencialmente educativa, cabe a ela a missão de transformar o caráter e, por consequência, as tendências inferiores que ainda influenciam o homem na prática do mal. Compete a cada um de nós aproveitar as oportunidades para ampliar nosso entendimento acerca das leis que regem o universo.
Thiago Henrique Campos
[1] KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 120 ed., Rio de Janeiro:
FEB, 2002, Cap. X (Lei de liberdade) Q. 851
[2] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, Gálatas 6:7
[3] ANDRE LUIZ (Espírito), [psicografado] Francisco Candido Xavier. Missionários da luz, 3.ed., Brasília: FEB, 2018, cap, 8 (Nos
planos dos sonhos).
[4] KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 120 ed., Rio de Janeiro:
FEB, 2002, Cap. X (Lei de liberdade) Q. 872
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