Que despertas?
“De sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. ” – (Atos, 5:15.)
Ao comentar a passagem citada, o Espírito Emmanuel, por meio da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, na lição nº 172, do livro “Pão Nosso”, intitulada “Que despertas? ”, nos convida a refletir no que estamos despertando no outro com a nossa presença.
O benfeitor espiritual Emmanuel nos afirma que “todos nós, através dos pensamentos, das palavras e dos atos, criamos atmosfera particular, que nos identifica aos olhos alheios”.
Quando o outro pensa em mim, o que será que lhe vem logo à mente?
Considerando nossos pensamentos, palavras, comportamentos e hábitos diários, como será que o outro nos vê? Quais seriam os sentimentos que eu tenho despertado naqueles que convivem comigo, seja no ambiente familiar, seja no local de trabalho, e até mesmo na casa espírita?
Segundo Emmanuel, o “conquistador de glórias sanguinolentas espalha terror e ruínas por onde passa. O político astucioso semeia a desconfiança e a dúvida. O juiz parcial acorda o medo destrutivo. O revoltado espalha nuvens de veneno sutil. O maledicente injeta disposições malignas nos ouvintes, provocando o verbo desvairado. O caluniador estende fios de treva na senda que trilha. O preguiçoso adormece as energias daqueles que encontra, inoculando-lhes fluidos entorpecentes. O mentiroso deixa perturbação e insegurança, ao redor dos próprios passos. O galhofeiro, com a simples presença, inspira e encoraja histórias hilariantes”.
O que semeamos e o que espalhamos diariamente em nossa vida e na vida do outro que convive conosco? Quais sentimentos eu tenho demonstrado no meu dia a dia? Otimismo? Paciência? Respeito? Compreensão? Afetividade? Tolerância? Gratidão?
Será que pelos nossos pensamentos, palavras e atitudes já somos identificados por aqueles que nos conhecem como seguidores e multiplicadores dos ensinamentos de Jesus?
Emmanuel esclarece que “a sombra de Simão Pedro, que aceitara o Cristo e a Ele se consagrara, era disputada pelos sofredores e doentes que encontravam nela esperança e alívio, reconforto e alegria”.
É interessante identificar na passagem a palavra “sombra”, que muitas vezes pode nos sugerir a ideia de escuridão, noite ou trevas, definições estas que, com toda certeza, não cabem na presente reflexão.
Podemos sim pensar no significado da palavra citada como projeção: a projeção do Apóstolo Pedro nas pessoas despertava esperança e alívio, reconforto e alegria. Pedro vivenciava verdadeiramente o Evangelho de Jesus e irradiava aos corações que dele se aproximavam vibrações de amor e compaixão, cuidado e entendimento.
Qual é a projeção da minha “sombra” no outro? Quantas pessoas tem buscado, na minha presença, uma palavra de alívio ou de consolo, um gesto de carinho, de compreensão, de cuidado? Conseguimos identificar nas outras estas necessidades? E se identificamos, nos esforçamos de alguma maneira, em oferecer aquilo que o outro precisa, sem críticas e julgamentos, segundo o que nos ensina o divino Mestre Jesus?
E Emmanuel nos recomenda, “examina os assuntos e as atitudes que a tua presença desperta nos outros. Com atenção, descobrirás a qualidade de tua sombra e, se te encontras interessado em aquisição de valores iluminativos com Jesus, será fácil descobrires as próprias deficiências e corrigi-las”.
Como é importante procurar nos examinarmos intimamente…examinar os nossos pensamentos, palavras e atos…. E não nos esquecer da vigilância e oração tanto recomendada por Jesus, em seu Evangelho de amor e redenção.
Como nos diz o Espírito Santo Agostinho, na questão 919 a, de O Livro dos Espíritos, “o conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento individual. (…)
Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntais-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa. Se a censurais nos outros, não poderás ser mais legítima em vós… ”
Pode ser que aquele que está do nosso lado nesse momento esteja precisando de uma palavra amiga e consoladora, de uma melhor atenção, de um cuidado com mais carinho e respeito, de um abraço reconfortante, de um sorriso otimista e não estejamos vendo.
Robert Gallas