Estudar nunca é demais
Reflexões sobre a literatura espírita
A cada dia que passa, mais aumenta nossa admiração diante da expressiva quantidade de títulos espíritas expostos nas livrarias que comercializam livros especializados nessa área e nas diversas áreas do conhecimento humano. Já não são apenas as livrarias espíritas que divulgam obras doutrinárias; as livrarias, de um modo geral, têm feito isso também.
(…) São mais de três mil títulos correntes de livros espíritas disponíveis no mercado editorial, comercializados em diversos pontos de venda nos grandes centros e no interior do País.
Romances espíritas
A maior parte desses títulos é composta por romances mediúnicos. O romance, quando bem escrito, apresenta características literárias que possibilitam transmitir um conteúdo moral, evangélico, educacional, instrutivo e/ou de entretenimento, por meio de um enredo que envolve o leitor, prendendo-o à trama dos personagens e das circunstâncias criadas pelo autor.
A literatura mediúnica foi enriquecida por obras-primas emanadas da sabedoria de Emmanuel e psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Romances espíritas, como Há dois mil anos, 50 anos depois, Renúncia, Ave, Cristo!, Paulo e Estevão, são referenciais de excelência doutrinária, cultural, histórica e estilística a autores espirituais ou encarnados, dedicados à preparação de originais que se transformarão em livros para acesso público. Os referidos romances, editados pela Federação Espírita Brasileira, um dia ainda serão apresentados pela magia do cinema, para mais ampla difusão da mensagem que registram.
Facilidade e conforto ao leitor
As editoras estão aprimorando o trabalho quanto aos cuidados na forma de apresentação de seus livros. Vemos capas bonitas, atraentes, que despertam o interesse do leitor, convidando-o a uma “leitura sensorial”, isto é, a manusear o livro. A utilização dos recursos de editoração eletrônica proporciona aos arte-finalistas exporem seu talento na apresentação de trabalhos belíssimos. Um livro também é vendido ou comprado por sua capa. Ela é a embalagem do produto, cuja arte não se deve limitar à primeira capa. Há também a chamada “quarta capa” que, em trabalhos bem concebidos e concretizados, é aproveitada para informar, sucintamente, sobre o conteúdo da obra. Esse cuidado é indispensável, pois agiliza ao leitor localizar dados básicos do livro que tem em mão, dispensando-o de folhear várias páginas. (…)
O formato do livro, a dimensão da mancha gráfica, o tamanho da letra e o espaçamento entre linhas são características fundamentais para possibilitar que o texto seja lido fluentemente, com facilidade e conforto. A leitura ideal é aquela realizada sem esforço, que flui naturalmente, pois além de um texto bem escrito, a boa apresentação torna-o agradável. (…)
E as revisões?
Até parece que algumas editoras estão se esquecendo desse “detalhe”, ou não estão se preocupando com ele: a revisão ortográfica, semântica e gramatical dos textos. Os preparadores de uma edição sabem o quanto a revisão é trabalhosa. São aspectos variados que não podem ser executados apressadamente. Quanto mais se revisar um texto, mais aprimorado ele fica. O leitor merece esse respeito e agradece quando lê um texto fluente e correto. (…)
Conteúdo dos livros
Toda obra doutrinária, incluindo-se nessa categoria o romance espírita, deve ser elaborada e editorada com zelo, carinho e atenção. Autores espirituais e encarnados, médiuns, editores e demais envolvidos na publicação de um livro são responsáveis, direta ou indiretamente, pelo conteúdo registrado em tais veículos de comunicação. Não se pode admitir que qualquer obra, dita espírita, contrarie em uma linha sequer os princípios básicos do Espiritismo. Se isso acontecer, o livro não será espírita. Os cuidados diante de ideias personalistas, sistemas exclusivistas, “novidades”, devem ser redobrados. Há diversos autores espirituais e encarnados querendo atualizar Allan Kardec, fundamentados na falsa premissa de que o Codificador está superado!
Estudar Allan Kardec
Quanto mais nos debruçamos no estudo das obras básicas e na leitura atenta da Revue Spirite (Revista Espírita), constatamos que o trabalho de Allan Kardec não se limitou à sua época. Na seleção e compilação cuidadosas das mensagens oriundas de diversas localidades, bem como nas anotações judiciosas do Codificador, sempre estiveram presentes o bom senso e a seriedade, que resultaram na organização de uma Doutrina que veio ao mundo com a missão de promover a renovação social da humanidade.
Estudar não significa meramente ler. É analisar, entender, refletir, ponderar… É, principalmente, apreender o conteúdo lido para aplicação diária em oportunidades de ação no bem que a vida nos oferece.
O primeiro livro
Pergunta frequente dos iniciantes no estudo do Espiritismo e dúvida comum, também, aos que já conhecem a Doutrina: qual o primeiro livro espírita a ser lido? Esta questão pode ser respondida com outra pergunta: qual foi o primeiro livro espírita publicado?
Não resta a menor dúvida de que a obra basilar, principal do Espiritismo, é e continuará sendo O Livro dos Espíritos. (…)
Ideal mesmo é que o estudo da Doutrina Espírita seja iniciado pelas obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, que constituem o pentateuco kardequiano(*). Estes livros não podem ser esquecidos pelos principiantes no estudo doutrinário nem por aqueles que já apresentam níveis mais aprofundados de conhecimento do Espiritismo. Aliás, quando desejamos estudar minuciosamente uma questão sob a visão espírita, iniciamos com a consulta às obras de Kardec e encerramos, igualmente, fundamentados nas assertivas do Codificador, permeando a pesquisa com bibliografia complementar, constituída de obras subsidiárias que enriquecem o estudo.
Ou você faz diferente?
Geraldo Campetti
(O texto acima é um recorte autorizado do artigo de Geraldo Campetti Sobrinho, que foi escrito originalmente para a revista Reformador – FEB – e publicado Boletim GEAE Número 453).