O que nos motiva a viver?

A conversa faz parte da vida humana antes mesmo de aprendermos a falar. Um bebê que grunhe, chora e aponta para objetos ou para si, conversa com aqueles que estão à sua volta para tentar lhes passar uma ideia. Não suficiente, ao longo de todos os dias, pontos de vista, conceitos e argumentos são externados ao monte por todos nós, do acordar ao adormecer. Falar, escrever, trocar mensagens ou posts em redes sociais são formas diferentes de uma mesma coisa: dialogar.
Estando o diálogo tão presente em nossas vidas, é de se esperar que saibamos fazê-lo bem. Porém, por diversas vezes, parece que não. Quantas vezes nos deparamos preparando o próximo argumento em uma conversa enquanto o interlocutor está com a palavra? Quantas vezes o interrompemos como se o conhecimento e sabedoria fosse nosso e o outro só tivesse que ouvir e aprender?
Esse tipo de diálogo vertical é frequente e nele não há reciprocidade. Todas as partes de uma mesma conversa se julgam superiores e se preparam para o convencimento das demais, fechando-se para o aprendizado e para a mudança de ideias. É combativo; a palavra se torna arma de subjugação e inflação do ego. Diferente do diálogo horizontal proposto por Francisco de Assis.
O diálogo horizontal é construtivo. Todos os envolvidos, mesmo em posições diferentes, devem procurar dar importância ao que o outro expõe. A presença na conversa é total: não se despreza a palavra do outro para pensar em como convencê-lo do contrário, não se fala com arrogância e sim com abertura para mudar de opinião ou de aceitar que no fim todos continuarão com opiniões contrárias, isentando-se de ressentimentos.
Francisco usava desta maneira de dialogar quando pedia que seus companheiros chamassem sua atenção aos erros, pois se via ainda como imperfeito. Pedia as opiniões de Frei Leão ou se colocava ao lado de Clara para aprender com as suas recomendações. Sentava-se com muitas pessoas, de ideias e religiões diversas, conversando com todas e aprendendo um pouco mais sobre o mundo, diferentes realidades, e sobre si mesmo, ao observar suas reações ao que era lhe exposto.
Tudo isso, pois se inspirava em Jesus; que apesar de ter a maior inteligência na história do planeta, ainda se sentava com quem se dispunha a conversar com ele e ouvia as palavras e os corações de todos.
Que possamos refletir quanto ao modo de falar e ouvir o outro, usando, usando da estratégia de Francisco e Jesus em todos os diferentes diálogos do nosso dia-a-dia para que, aos poucos e juntos, possamos aprender a conversar.

Igor Costa

FRANCO, Pereira Divaldo; SAID, Cesar Braga. Francisco, o Sol
de Assis. Capítulo 13
FRANCO, Pereira Divaldo. (Ditado por Joanna de Ângelis). Momentos de Iluminação, capítulo 4.

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