Assistência espiritual: serve e passa

Seguindo as orientações de Aniceto e se lembrando dos ensinamentos de Narcisa, André Luiz se aproximou de uma senhora desencarnada que se encontrava aguardando os trabalhos de assistência na residência de dona Isabel e Isidoro. O ex-médico da Terra abordou-a com firmeza e energia, mas também com ternura e compreensão, conduzindo-a ao passe reconfortador. A pobre irmã afirmou que não enxergava nada, pois era vítima de tracoma (doença inflamatória ocular causada pela bactéria Chlamydia trachomatis) e queria ver novamente. Foi então que percebemos o surgimento de um novo André, uma vez que, naquele momento, ele não se movia pela curiosidade e nem pelos aspectos científicos da doença. Sua postura era a de um servidor que buscava captar a confiança daquela senhora, identificando nela uma irmã sofredora e necessitada de seus cuidados. Sugeriu a lembrança de Jesus curando cegos, iluminando-os e guiando-os pelos caminhos do mundo. Ele começava a se despir do médico e a se transformar no trabalhador do Cristo. Surpreso com o que ocorria em sua intimidade, percebeu que, à medida que se dedicava à prática do amor fraternal, uma estranha luz começou a iluminar e aquecer sua fronte.
Lembrando-se da poderosa influência divina do Mestre, André começou a aplicar os passes sobre os olhos da desencarnada, atentando para as terríveis consequências do tracoma. Simultaneamente, dizia palavras de bom ânimo e esperança, enquanto se concentrava em seu potencial magnético. Para sua surpresa, dentro de poucos instantes a irmã gritou, assombrada e feliz, que estava enxergando. Louvando e agradecendo a Deus efusivamente, ajoelhou-se, dirigiu-se ao nosso amigo e perguntou: “Quem sois vós, emissário do bem?”[1] Muitos se perdem em situações como essa, deixando o orgulho e a vaidade falarem mais alto, se colocando como excepcionais médiuns de cura e grandes intermediários dos espíritos superiores. Humilde, reconheceu suas limitações e ponderou consigo mesmo: “Quem era eu para curar alguém? Mas a alegria daquela entidade, libertada das trevas, afirmava a ocorrência na qual não queria acreditar. A luz daquela dádiva como que mostrava mais fortemente o fundo escuro de minhas imperfeições individuais e o pranto inundou-me as faces, sem que pudesse retê-lo nos recônditos mananciais do coração. Enquanto a enferma espiritual se desfazia em lágrimas de louvor, também eu me absorvia numa onda de pensamentos novos.”[1]
Todavia, André começava a se entrelaçar em um inusitado deslumbramento íntimo. Constantemente atento às necessidades de seus pupilos, Aniceto se aproximou e falou delicadamente: “(…) a excessiva contemplação dos resultados pode prejudicar o trabalhador. Em ocasiões como esta, a vaidade costuma acordar dentro de nós, fazendo-nos esquecer o Senhor. Não olvides que todo o bem procede dEle, que é a luz de nossos corações. Somos seus instrumentos nas tarefas de amor. O servo fiel não é aquele que se inquieta pelos resultados, nem o que permanece enlevado na contemplação deles, mas justamente o que cumpre a vontade divina do Senhor e passa adiante.”[1] Ensinamento de fundamental importância para todos que laboram na seara espírita: é preciso ficar claro que atuamos como instrumentos e parceiros da Espiritualidade Amiga, porém não podemos nos esquecer de que o trabalho pertence a Jesus. Nas mais diversas circunstâncias com que nos deparamos na vida, devemos sempre nos esforçar ao máximo para fazer tudo que estiver ao nosso alcance em benefício do próximo e em prol da divulgação do Espiritismo. Contudo, é preciso nos lembrar que os resultados pertencem ao Mestre, tendo em vista que, invariavelmente, há situações que não conhecemos ou não prevemos. O essencial é continuamente darmos o melhor de nós, fazermos a nossa parte bem feita e colocar nas mãos da Espiritualidade Superior aquilo que não nos compete. Paulo, o apóstolo dos gentios, também entendia assim: “Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.”[2] Em seguida, carinhosamente, André se aproximou da senhora desencarnada e orientou-lhe que agradecesse a Jesus pela dádiva recebida e que voltasse o olhar para dentro de si mesma, consagrando ao Cristo os dons da visão.
Na sequência do trabalho, ele atendeu mais cinco desencarnados, sendo que um deles apresentou considerável melhora, mas isto não ocorreu com os demais. Ao término, André Luiz e Vicente se reuniram com Aniceto, a fim de trocarem impressões sobre os atendimentos realizados pela madrugada afora, espantados e comovidos pela grande quantidade de entidades perturbadas em diversos graus de desequilíbrio. Em tom grave, o querido benfeitor comentou: “As atividades de assistência se processam conforme observam aqui. Alguns se sentem curados, outros acusam melhoras e a maioria parece continuar impermeável ao serviço de auxílio. O que nos deve interessar, todavia, é a semeadura do bem. A germinação, o desenvolvimento, a flor e o fruto pertencem ao Senhor. (…) Devemos esmagadora percentagem desses padecimentos à falta de educação religiosa. Não me refiro, porém, àquela que vem do sacerdócio ou que parte da boca de uma criatura para os ouvidos de outra. Refiro-me à educação religiosa, íntima e profunda, que o homem nega sistematicamente a si mesmo.”[1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier – capítulo 44 (Assistência).
[2] 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios – 3:6.

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A responsabilidade de sermos quem somos

Joanna de Ângelis, no livro O Homem Integral, psicografado pelo médium baiano Divaldo Franco, aborda no capítulo “Meditação e ação”, o estado reflexivo consciencial humano. Diz a mentora: “O autodescobrimento é o clímax de experiências do conhecimento e da emoção, através de uma equilibrada vivência. Para consegui-lo, faz-se indispensável o empenho com que o homem se aplique na tarefa que o possibilita. É certo que o tentame se reveste inicialmente de várias dificuldades aparentes, todas passíveis de superadas. A realização de qualquer atividade nova se apresenta complexa pelo inusitado da sua própria constituição. Não há, todavia, nada, com que o indivíduo não se acostume. Demais, tudo aquilo que se torna habitual reveste-se de facilidade. Assim, a busca de si mesmo, para a liberação de conflitos, amadurecimento psicológico, afirmação da personalidade, resulta de uma consciente disposição para meditar, evitando o emprego de largos períodos que se transformam em ato constrangedor e aborrecido.” A melhor forma de conectar-se com a Presença Criadora é colocar-se em estado meditativo, indo em busca de respostas para as questões aflitivas, e para isso é necessário um mergulho profundo dentro do próprio mundo íntimo.
É lá que se dará o verdadeiro encontro do “eu” com suas sombras, e o reconhecimento perceptivo do tamanho da capacidade de amar. O amor crescendo cada vez mais, tende a consolidar-se, e expandir-se para o entorno. Posteriormente, ganha suntuosas asas e viaja muito mais além do que nossa humilde capacidade humana é capaz de compreender neste presente momento, estando-se encarnado no orbe terrestre. Abarca, o amor, infinitas possibilidades, abraçando inúmeras conquistas, simplesmente pela consequência auto expressiva do que é. Seu receptáculo é o coração, centro da alma. O amor é tão lindo, brilhante, e reluz como o ouro! Quem ama verdadeiramente não nutre esperança sem ações. O verdadeiro amor constrói, se move, ergue-se com sabedoria e não vive da falsa esperança. A fé movedora e mantenedora do amor derruba barreiras, supera obstáculos, redivive a chama de amor do Cristo na certeza de que, como o próprio Mestre já dizia: “Se tiveres a fé do tamanho de um grão de mostarda…”, e sim! É tão real esse ensinamento de Jesus que se for mantido, tal como um mantra a soar ao fundo, na mente, cada passo que se der, dar-se-á com mais certeza da vitória.
O empenho de um ser humano em seu aprimoramento moral é avaliado através de suas ações. A ladainha de promessas e promessas, ou o murmúrio de queixas e lamentos podem desembocar em estados doentios, com reflexos claros no corpo físico. A profilaxia como sempre é o “orar e vigiar”. Quem ora, eleva o pensamento a Deus em um ato de humildade, colocando-se na posição de eterno aprendiz, com suas respectivas necessidades. E vigiando-se, medita sobre as próprias ações, procurando diariamente, refrescar a mente com os ensinamentos edificantes do mestre. Esta atitude, acrescentada à rotina diária, possibilita a elevação consciencial para além da “necessidade aflitiva” que as questões do cotidiano nos impõem. Joanna também aborda no capítulo “Meditação e ação”, a diferença entre os dois tipos de tendência comportamental humana. Existem dois tipos de ser humano, com exceção dos que praticam a omissão. Conclui a mentora: “[…] o primeiro age com paciência ante a dificuldade e o segundo reage com desesperação. Assim, o importante e essencial é dominar a mente, adquirindo o hábito de ser bom.” A postura adequada diante de uma questão é essencial para a sua resolução. Deve-se reconhecer a carga de responsabilidade que impera sob as nossas atitudes.
Todos ganham quando compreende-se quem realmente se é. A caminhada rumo a esse descobrimento é a razão da existência do homem na Terra. Amar sem exigir nada em troca, eis o segredo da vida! Eis a lição que quando bem apreendida e empregada, aproxima seu praticante cada vez mais, da iluminação espiritual.

Denise Castelo Nogueira

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Ano Novo: tempo de novas semeaduras

É com muita gratidão, alegria e esperança que vemos despontar no horizonte os raiozinhos de luz do ano de 2022 que vem chegando… E como é de se esperar em toda virada de calendário, o convite para experimentarmos uma alvorada nova dentro dos nossos corações não pode faltar.
Sempre que caminhamos rumo a um destino, é comum olharmos para trás em alguns momentos, a fim de continuarmos seguindo em frente com mais confiança e sabedoria. Olhamos para as marcas que ficaram no caminho; trazemos na memória as pessoas que não seguem mais ao nosso lado; e também olhamos pra tudo aquilo que já experienciamos. Alguns desafios superados, outros não. Recordações de travessias que despertam em nós sentimentos de melancolia e tristeza, devido às perdas, às dificuldades e enfermidades vivenciadas… Outras vezes sentimos saudades dos momentos felizes que tivemos e de tudo que pareceu ter passado mais rápido do que o “normal”.
2021 foi um dos anos mais difíceis da nossa história. E esse olhar reflexivo para ele, agora, é importante para nos despedirmos e nos desapegarmos do que passou, reconhecendo a importância de cada acontecimento em nossas vidas e ficando apenas com o que de melhor ele nos trouxe: o aprendizado.
Jesus nos recomendou que tenhamos sempre “olhos de ver”. O modo como enxergamos as coisas que acontecem ao nosso redor e conosco mesmos influenciam muito em como iremos receber o que ainda está por vir. Aceitar com resignação o que não podemos mudar e dar boas-vindas a tudo aquilo que podemos fazer de novo em nossa realidade, para transformá-la para melhor, é o primeiro passo para a plenitude. É compreender que, independente das dores que estejamos sentindo, tudo o que acontece está amparado pelas leis de amor, justiça e bondade de Deus.
Embora não seja fácil de reconhecer, os frutos amadurecidos pela pandemia muito contribuíram para a nossa evolução espiritual. Vivências de recolhimento e isolamento social possibilitaram a introspecção, o autoconhecimento, o despertamento de potenciais da alma, como a tolerância, a paciência, a autonomia, a superação, a fé e muitas outras virtudes. Abraçando a solidão ou vivenciando períodos conturbados na convivência familiar, cada qual recebeu a oportunidade bendita de fortalecimento ou reconciliação de que precisava. Como já dizia sabiamente Alcíone no livro Renúncia, autoria de Emmmanuel, psicografado por Chico Xavier: “Quantos bens ficarei devendo à solidão e ao sofrimento?”
Com a casa espírita de portas materiais fechadas, qual de nós não sentiu uma tristeza profunda? Mas depois aprendemos que o verdadeiro templo do Cristo é o coração. Como nos diz Auta de Sousa em um trecho do seu poema belíssimo, intitulado “Mensagem Fraterna”: “ (…) Volve ao teu templo interno e abandonado, a mais alta de todas as capelas, e as respostas mais lúcidas e belas, hão de trazer-te alegre e deslumbrado.” Também conseguimos captar o quanto os espíritos da casa de Glacus nos ampararam neste período tão difícil, adequando suas atividades e nunca deixando faltar o auxílio a todos.
Aprendemos novas formas de transcender e de ajudar, de confiar no amparo divino, fortalecendo nosso espírito num tempo em que vimos bem nítida a efemeridade de todas as coisas materiais e a fragilidade da vida humana na Terra. Presenciamos uma revolução tecnológica na comunicação, na inovação das formas de trabalho, na interação e o avanço da ciência. Tivemos mais uma vez, a compreensão do quanto o espiritismo se apoia na valorização da ciência e na razão, e não numa fé cega.
Percebemos o crescimento de muitas frentes de trabalho voluntário, realizando prodígios de solidariedade. Surgiram novas formas de se expressar a afetividade e celebrar a vida. Vencemos barreiras que considerávamos intransponíveis.
Reportamo-nos ao momento presente. Vamos volver nossos olhos de ver para as nossas mãos e pensar em tudo que elas podem semear em 2022. É chegada a hora de selecionar as sementes para o plantio na seara do Cristo, para uma colheita produtiva no bem comum. É tempo de deixar a acomodação de lado, o desânimo, a lamentação, a inconformação e partirmos para a ação. Não mais esperar que a tempestade cesse e que os melhores ventos soprem em nossa direção para começarmos a espalhar as novas sementes. Porque o tempo está escoando das nossas mãos a todo instante e a hora certa chama-se agora.
Vamos lá! Pegue papel e caneta e faça o contorno de sua mão. Escreva no contorno dos dedos as cinco prioridades para a sua vida enquanto espírito reencarnado. Essas prioridades representarão, juntas, o objetivo da sua atual reencarnação, ou seja, sua missão de vida, ou em outras palavras seu propósito, ou ainda, o sentido da sua vida. Em seguida, ao lado da sua mão, você vai desenhar algumas sementinhas para cada uma das cinco prioridades citadas e escrever dentro de cada uma o que você precisa fazer, o passo a passo, para alcançar, na prática, tudo o que escreveu no contorno de sua mão.
É um exercício simbólico, mas que nos ajuda a discernir e a focar as nossas ações naquilo que é essencial. Nosso irmão Pedro de Camargo também já nos disse uma vez: “o que são símbolos senão a materialidade de uma ideia espiritual?”
O ato de refletir sobre a nossa vida, e planejar o que vamos fazer dela, plasma ideias em nossa mente, ideias estas que determinam as atitudes e as palavras que comandam nossas ações. Assim também nos ensinou Emmanuel em seu livro Pensamento e Vida, psicografado por Chico Xavier.
O que realmente importa neste exercício é a qualidade das sementes a serem plantadas e não a quantidade. Precisamos escolher ações consoantes com nosso propósito de vida, para dedicarmos nosso precioso tempo a elas. Muitas vezes preenchemos todo o nosso tempo com muitas ações que não estão contribuindo em nada com a nossa missão, com a nossa singularidade enquanto espíritos eternos, temporariamente em passagem pela Terra. Nossas ações também devem estar respaldadas no Evangelho de Cristo – nossa referência de vida.
Feito esse exercício de reflexão e planejamento, coloque seu desenho num local bem visível para você, de forma que você não se esqueça nenhum dia sequer do sentido da sua vida. E… “mãos à obra!” Vamos semear!! Vamos espalhar nossas sementes. Cultivar nossos sonhos. Fazer crescer a esperança, cooperando uns com os outros no bem comum. Que possamos sempre lembrar das palavras de incentivo do nosso querido irmão Glacus, para nos unirmos na adversidade porque “a união faz a força e o que plantamos de bem fica para a eternidade”.
Que 2022 seja o tempo de renovar as esperanças na vida e acreditar em você de novo!! E que possamos lembrar também dos sábios conselhos do nosso saudoso irmão Ênio: ”Continuem firmes e perseverantes na fraternidade porque renascemos para isto. Para refazermos com amor e bondade rumo ao caminho da luz. O planeta está passando por transformações necessárias para que o clima seja mais ameno no futuro. Lutem com garra, vontade, determinação e disciplina. Sem disciplina não conseguiremos viver uma vida plena.”

Adriana Souza

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Nossos caminhos

Começar de novo é, para nós espíritos em experiência na Terra, uma realidade. Estamos vivenciando novas oportunidades, mas também a recapitulação de ensinamentos que em outros tempos não conseguimos absorver. Tudo isso só é possível, por obra da misericórdia Divina, que por meio de uma arquitetura de amor, cria ambientes e situações propícias ao amadurecimento de todos os seres.
Quando pensamos em caminhos, nos deparamos com o imperativo das escolhas, e estas ativam em nós as fontes internas geradoras de mudanças. Uma destas potências da alma se chama livre-arbítrio, que é a liberdade de escolha, possibilitando a ampliação da consciência ao longo do processo evolutivo.
Somente fazendo escolhas, poderemos evoluir, fortalecer nossa autonomia e conquistar o discernimento, que é bússola de segurança em qualquer etapa da jornada. Para tanto, necessitamos prosseguir com boa vontade, mesmo diante dos obstáculos e erros, pois assim colheremos os frutos da experiência. Também temos ao nosso alcance uma ferramenta útil, que ilumina o caminho do viajante, que é a prece. Ela opera transfusão de forças no levantamento de nossas energias, como também, além de outros benefícios, amplia a nossa capacidade de observar e refletir para melhor escolher a trajetória.
Que estejamos confiantes nas oportunidades que nos chegam, revelando que a cada novo dia, e a cada nova escolha, é possível recomeçar em sintonia com o bem maior.

 

Mariluce Gelais

Bibliografia:
Renovando Atitudes – Francisco do Espirito Santo
Neto/Hammed
O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis

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Mundo normal primitivo

Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns (FEB, 2003:19), anota que “a dúvida, no que concerne à existência dos Espíritos, tem como causa primária a ignorância acerca da verdadeira natureza deles. Geralmente, são figurados como seres à parte na criação e de cuja existência não está demonstrada a necessidade. Muitas pessoas, mais ou menos como as que só conhecem a História pelos romances, apenas os conhecem através dos contos fantásticos com que foram acalentadas em criança”.
Se, de um lado, a observação de Kardec acima citada ainda é comum na vida cotidiana, de outro, também se vê que, uma vez superada a dúvida quanto à existência dos Espíritos, outra surge: onde, então, tais seres se localizam no universo, considerando as suas características e natureza? Dada a relevância do tema, foi ele tratado no tópico “Mundo normal primitivo”, constante do capítulo I da segunda parte de O Livro dos Espíritos, objeto deste artigo. No contexto apresentado, Allan Kardec, na questão 84, perguntou se os Espíritos constituíram um mundo à parte, fora do que vemos, isto é, fora do mundo material, ao que os instrutores espirituais responderam que sim, já que eles integram o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.
Com isso, os instrutores da codificação nos ensinaram que há dois mundos, isto é, o espírita (espiritual) e o corpóreo (material), esclarecendo na pergunta 85 ser o espiritual o principal na ordem das coisas, pois é ele quem preexiste e sobrevive a tudo. Tanto isso é verdade que, como orientaram os instrutores espirituais, ao responderem à pergunta 86 de O Livro dos Espíritos, mesmo que o mundo corporal deixasse de existir, ou caso nunca tivesse existido, tal situação não alteraria a essência do mundo espiritual, que, a nosso ver, é o mundo normal primitivo.
Tal explicação guarda sintonia com o reconhecimento da pré-existência e sobrevivência do Espírito em relação ao corpo físico, o que ajuda a explicitar o caráter transitório da vida material. Afinal de contas, somos seres espirituais com experiências carnais, e não seres materiais que passam por experiência espiritual. E tal constatação, quando devidamente compreendida e introjetada em nosso ser, leva-nos a fazer uma reflexão mais profunda sobre os nossos desejos, o modo como temos nos portado nas várias situações da vida e nos relacionado com o mundo material, trazendo não raras vezes a necessidade de uma reformulação do nosso projeto de vida feliz.
Por outro lado, como ensinam os instrutores espirituais na resposta à pergunta 86, apesar de o mundo espiritual e o mundo corpóreo serem independentes, não são isolados entre si. Ao contrário, há, entre eles, uma incessante interação, do que é exemplo a ocorrência dos fenômenos mediúnicos.
Compreendida a questão dos dois mundos, e ciente de que, pela nossa condição e experiência, temos mais facilidade de identificar o mundo corpóreo, Allan Kardec questionou aos instrutores da codificação, na pergunta 87 de O Livro dos Espíritos, se os Espíritos ocupariam uma região determinada e circunscrita no espaço. Em resposta, os instrutores espirituais nos esclareceram que não, pois eles estão por toda a parte e povoam os espaços infindos, acrescentando ainda que: “Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditadas aos menos adiantados”.
Assim, como bem sintetizado por Allan Kardec, na obra Céu e Inferno, (FEB, 2013:27), temos que:
“O homem compõe-se de corpo e Espírito: o Espírito é o ser principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro material que reveste o Espírito temporariamente, para preenchimento da sua missão na Terra e execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, destrói-se e o Espírito sobrevive à sua destruição. Privado do Espírito, o corpo é apenas matéria inerte, qual instrumento privado da mola real de função; sem o corpo, o Espírito é tudo; a vida, a inteligência. Ao deixar o corpo, torna ao mundo espiritual, onde paira, para depois reencarnar.
Existem, portanto, dois mundos: o corporal, composto de Espíritos encarnados; e o espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo à materialidade do seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer globo; o mundo espiritual ostenta-se por toda parte, em redor de nós como no Espaço, sem limite algum designado. Em razão mesmo da natureza fluídica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se arrastarem penosamente sobre o solo, transpõem as distâncias com a rapidez do pensamento.
A morte do corpo não é mais que a ruptura dos laços que os retinham cativos”.
Diante das lições que nos foram passadas pelos instrutores espirituais, do reconhecimento de nossa condição de seres espirituais (com experiências corpóreas) e da consciência da existência de planos distintos da vida (espiritual e material) que incessantemente se interrelaciona, somos levados a refletir sobre a necessidade do trabalho contínuo no bem, de fazermos nossa reforma íntima e de envidar os melhores esforços na elevação e melhoria de nossa sintonia, o que são condições para, no agora, construirmos o futuro venturoso que tanto almejamos.

Frederico Barbosa Gomes

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Honrar Pai e Mãe

O Espiritismo, com sua missão de Consolador Prometido, por meio do Espírito Verdade, vem para relembrar a humanidade da importância do amor e da caridade ao próximo, ensinada por Cristo, mas muitas vezes esquecidos por nós. A Doutrina nos explica que a recompensa por honrar pai e mãe é, na verdade, a promessa de vivermos em um mundo melhor.
No livro Leis Morais da Vida, no Capítulo 17, intitulado “Deveres dos Filhos”, psicografado pelo médium Divaldo Franco, Joanna de Ângelis elucida sobre o tema. A mentora lembra-nos o quão difícil é mensurar o valor devido de um filho para com seus pais: “Toda a gratidão sequer retribuirá a fortuna da oportunidade fruída através do renascimento carnal. O carinho e respeito contínuos não representarão oferenda compatível com a amorosa assistência recebida desde antes do berço. A delicadeza e a afeição não corresponderão à grandeza dos gestos de sacrifício e da abnegação demoradamente recebidos. Os filhos têm deveres intransferíveis para com os pais, instrumentos de Deus para o trâmite da experiência carnal, mediante a qual o Espírito adquire patrimônios superiores, resgata insucessos e comprometimentos perturbadores.”
Reencarnamos no ambiente familiar em que estamos, não por acaso, mas sim, para que a reconciliação possa ocorrer. Porém, não são poucos os que falham nessa missão reconciliadora, portanto, imprescindível para se lograr sucesso é o empenho através da boa vontade na própria reforma íntima. Joanna de Ângelis ainda no mesmo capítulo da obra citada nos esclarece também sobre a negligência dos pais: “Existem genitores que apenas procriam, fugindo à responsabilidade. Não compete, porém, aos filhos julgá-los com severidade, desde que não são dotados da necessária lucidez e correção para esse fim. Se fracassaram no sagrado ministério, não se furtarão à consciência, em forma da presença da culpa neles gravada.” Essa é a chamada piedade filial, encontrada no Evangelho Segundo o Espiritismo, que significa que cabe aos filhos honrar seus pais, sempre.
A Doutrina Espírita nos elucida sobre o processo de aceitação, o qual devemos buscar compreender, e dentro dele aprender a reconhecê-lo como benéfico e essencial, abraçando o que nos cabe: a nossa reforma íntima. Quando entendemos que ao reconhecer nossos direitos, também devemos reconhecer nossos deveres, começamos a compreender a capacidade relevante das nossas ações e da nossa presença, que podem alterar tudo ao nosso redor. E essa compreensão de “auto-capacidade”, nos leva a enxergar nossas responsabilidades diante do bem-estar dos outros. Nossa parentela carnal segue conosco por breves momentos aqui na Terra. Um suspiro na eternidade! Livre-arbítrio significa livre escolha. Honre seu livre-arbítrio fazendo boas escolhas. Ame-se e assim amará o próximo.

Denise Castelo Nogueira

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Não se turbe o vosso coração

“Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.” Paulo. (FILIPENSES, 4:11)
A casa espírita é um ambiente para que possamos desenvolver nossas potências. Pertence a todos os Espíritos que lá queiram sentir o Evangelho à luz dos ensinos dos Espíritos, que em última estância somos todos.
Cheguei à Fraternidade Espírita Irmão Glacus no inverno de 1987. Estação que também reinava em meu Espírito. Jovem, eu, inquieto, adoecido profundamente na alma. E qual foi a minha surpresa à medida que permaneci… Travei intenso contato com alguns dos seus idealizadores, fundadores e obreiros. Não sabia qual era o meu objetivo, mas fui atraído pelo que via sair de virtudes dos que lá labutavam.
Alimentava a minha Alma…
Hoje, começo a compreender e a sentir o pensamento do Cristo quando dizia que há muitas moradas na Casa de meu Pai. Estava eu, ali, diante de muitos que não conhecia, mas que tinham disposição em vivenciar seus potenciais em nome de uma causa Maior – seu semelhante -, eu era um deles.
O tempo passou… O Espírito dos obreiros amparou-me, transformou a minha paisagem íntima para sempre. A riqueza das relações pessoais, o manancial cultural do Espiritismo e as tarefas, onde o lema é “fora da caridade não há salvação”, alavancou o despertar do meu Espírito. Aprendi o que é a legítima Fraternidade Espírita.
Precisamos vencer o espírito de sistema, para dar continuidade ao legado que recebemos dos irmãos e irmãs que, como lavradores obedientes e resignados, cuidaram para que colhêssemos o que semearam, sabedores que a colheita, além de ser obrigatória, seria uma inspiração para que fizéssemos o mesmo, pois cooperar é uma lei contida no Amor do Criador pela suas Criaturas.
Dizia o Cristo na passagem que “pois me vou para vos preparar o lugar”¹, de que lugar falara o nosso Irmão Maior, Jesus? Se não o do nosso Coração! E disse mais: “voltarei e vos retirarei para mim”², será para ficarmos ao seu lado? Não faria sentido. Voltou!! Temos o Consolador prometido, o Espiritismo Cristão. E nos dá a maior lição do Amor Divino, quando afirma: “a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais.”³. Onde estaria o Cristo, se não junto dos Bem-aventurados, ou seja, junto dos necessitados de toda a ordem, como bem anotado pelos discípulos?
É assim a nossa Fraternidade Espírita Irmão Glacus. Onde o Cristo, Jesus, está presente nos conclamando a aconchegar, juntamente, com a plêiade de Espíritos ligados ao seu Espírito para a manutenção desta condensação do Amor, no plano material.
Em vista disso, temos que contribuir com todos que nos procuram, oferecendo-lhes o nosso olhar, terno; a nossa escuta, atenciosa; o nosso coração, afetuoso.
Despertemos! Ser é muito além dos papéis que desempenhamos. Muitos serão chamados, poucos os escolhidos, é da Lei.
“Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais.” (João, 16:1-2)

Moacyr da Costa Junior

¹ João, 16:1-2
² Idem
³ Idem

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Por que te deténs perante o desafio?

Na trajetória evolutiva, na busca da sua elevação espiritual, o Espírito, até atingir determinada posição, dorme o sono da indiferença em relação a sua condição de Filho de Deus.
Durante este período, sob a tutela da lei de causa e efeito, que determina a colheita em função de suas escolhas, nem sempre felizes, o espírito aprende que ele é o resultado daquilo que semeia.
Nesta fase, dependendo da vontade, que representa a alavanca propulsora, o Espírito, após viver as desilusões, pela desmontagem do seu personalismo, passa da condição de servo a Filho de Deus, “ Já vos não chamareis de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor…” (Jo. 15:1). E é aí, nesta nova condição, que o Espírito, consciente de sua identidade com o Criador, sente a necessidade de ser útil, de colaborar com a parte que lhe cabe na obra da criação.
Bafejados hoje pela luz da Doutrina Espírita, temos inúmeras oportunidades de trabalho no bem e, muitas vezes, a pergunta do bondoso Ananias ao recém convertido de Damasco ecoa ainda aos nossos ouvidos: “E agora, porque te deténs?” (At. 22:16).
Quantas oportunidades de trabalho são abandonadas, quando surgem os primeiros obstáculos, muitas das vezes em função de nosso comodismo, ou do nosso personalismo.
Entretanto, sabemos também pela Doutrina Espírita, que não existe felicidade sem trabalho. Relembrando a passagem do cego de Jericó (Mc. 10:46), o mesmo para ir ao encontro de Jesus, teve que abandonar as suas “capas” que o prendiam ao solo. Importa abandonar as nossas capas, hoje camufladas em inúmeras desculpas, para irmos ao encontro de Jesus, representado por todos aqueles que buscam nosso auxílio.
Não nos esqueçamos que “muito se pedirá àquele que muito recebeu” (Lc. 12:48), e cientes disto aproveitemos a oportunidade desta encarnação, que passa célere. Talvez, em outra existência, não tenhamos as condições que hoje desfrutamos para vencer os desafios e progredir. Muito temos recebido de Jesus e nesse sentido vale a pena refletir em torno da pergunta do Cristo: “Que fazeis de especial?”. (Mt. 5.47).

Mariano Cunha

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Predisposições

Na condição de estudante das ciências biológicas, chamou-me a atenção a aula sobre predisposições genéticas. Segundo ela, todos nós nascemos com determinadas sequências nucleotídicas alteradas na molécula de DNA com elevado potencial evolutivo, e que em determinadas circunstâncias podem causar alterações no funcionamento das células. Muitas enfermidades e alguns tipos de cânceres surgem dessa forma. Interessante ressaltar que possuir essas alterações não é uma garantia de adoecimento. O modo de vida do indivíduo é fundamental para que a dita sequência genética alterada se expresse ou não. Por modo de vida entende-se a qualidade da alimentação, do sono, a prática ou não de atividades físicas regulares, o equilíbrio nas relações de trabalho, radiações ionizantes, estabilidade emocional, lazer, uso de determinados medicamentos, o consumo do álcool, afetividade, entre outros.

Da mesma forma que há predisposições genéticas, há predisposições espirituais. Isso ocorre por dois motivos básicos. Primeiro porque não somos apenas corpo. Há então dois elementos gerais do universo: a matéria e o espírito? “Sim, e acima de tudo Deus[1]. E segundo porque a atual existência está longe de ser a primeira de nossa história de vida. As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra? “Não. Vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição”[2].

A justiça divina não é condescendente com a desigualdade de oportunidades. Por que alguns nascem e vivem em uma suposta única existência nas condições mais exigentes, enquanto outros nascem nas condições ideais? Que sorte aguarda os que morrem na infância, quando ainda não puderam fazer nem o bem, nem o mal?[3] E mais. Se tudo é apenas obra do acaso, se tudo se encerra em um único ciclo de uma vida, e que as vezes não dura nem uma semana, porque tanta sensibilidade, porque tanta emoção, tantas dores e amores?

Ao conceber a existência de uma inteligência suprema, causa primária e amorosa de todas as coisas, somos facilmente levados a concluir que cada um é o somatório de experiências vividas em existências anteriores. Não é o objetivo deste artigo desenvolver essa ideia, mas aproveito para salientar que isso é o suficiente para compreendermos os vínculos fortíssimos que temos com determinados países, culturas, religiões, grupos sociais, profissões, bem como a simpatia e antipatia que sentimos por determinadas pessoas, inclusive na família. Relembre a sua infância e notará que nem todos os pensamentos e ideias lhe foram ensinados. E que irmãos de idades próximas, educados no mesmo contexto familiar, possuem temperamento e personalidades exclusivas. Sem contar a individualidade dos gêmeos idênticos.

Pois bem, a evolução do espírito muito além da atual existência traz, por meio do renascimento, determinadas memórias que, assim como ocorre com a herança genética, podem ou não se expressarem, conforme o modo de vida do ser. Todos nós renascemos com essas predisposições que são verdadeiras inclinações tanto para o bem quanto para o mal. Elas definem uma leitura de mundo e influenciam, ou até determinam, as nossas reações, bem como a qualidade de nossos relacionamentos. Sendo assim, é muito desejável que dediquemos parte de nosso tempo ao estudo de nossa essência, o que um filósofo da antiguidade resumiu como… Conheça-te a ti mesmo!

A humildade é o fator primordial para efetivar esse trabalho. Por meio dela, seremos capazes de nos reconhecermos como uma alma em evolução que necessita potencializar as predisposições positivas e evangelizar as predisposições negativas, pois essas não contribuem para a nossa realização espiritual. Isso é possível desacelerando a rotina do dia a dia por meio da melhor seleção de compromissos, o que passou a se chamar de gestão do tempo. Além da análise de riscos que corremos ao nos aproximar ou reaproximar de pessoas e circunstâncias que nos incentivam a queda. Quanto a isso, os jovens especialmente precisam ficar bem atentos. No entanto, muito além da vida vulgar, a gestão do espírito é o que importa. E para realizá-la é necessário reconhecermo-nos como legítimos filhos de Deus, verdadeiros espíritos em passagem na Terra, amparados por entidades de luz nos guiando para dentro de nós mesmos onde efetivamente se encontra O Reino, assim disse Jesus. Dessa forma, estaremos de fato muito bem dispostos para a vida!

Vinícius Moura

[1] Allan Kardec.Livros dos Espíritos. Questão 27.
[2] Allan Kardec.Livros dos Espíritos. Questão 172.
[3] Allan Kardec.Livros dos Espíritos. Questão 222.

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Unidos sempre¹

“Não creias que a faculdade mediúnica seja dada somente para correção de uma, ou duas pessoas, não. O objetivo é mais alto: trata-se da Humanidade.”²
Estamos em um momento de grandes transformações em nossa humanidade. Conforme a Doutrina Espírita nos orienta, o nosso planeta está em plena transição, migrando de um mundo de provas e expiações, onde o mal prevalece, para um mundo de regeneração, onde poderemos vislumbrar a alvorada de dias melhores com a evolução espiritual de todos os habitantes da Terra.
A faculdade mediúnica neste momento de transição é de suma importância, pois favorece o intercâmbio com a Espiritualidade Superior que neste momento importantíssimo está altamente engajada para a construção da Nova Era do nosso planeta. Milhares de espíritos superiores estão envolvidos nesse propósito, e, vários inclusive, estão encarnando na nossa sociedade para a efetiva conclusão dos novos tempos do nosso orbe. É importante o médium entender a parte que lhe cabe nessa empreitada, pois como nos orienta Allan Kardec: “Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Tais, porém, não são os desígnios de Deus.”³
É de primacial importância assumir a responsabilidade de agentes transformadores e executores da regeneração do planeta. Para que o mundo mude, nós temos que iniciar esta mudança primeiramente em nós mesmos. Buscarmos ser melhores hoje do que fomos ontem. Termos o compromisso de melhorar constantemente nas nossas tarefas e práticas da mediunidade espírita-cristã. Estamos no lugar certo, nas situações necessárias e convivendo com as pessoas que precisamos conviver. Cada um com sua tarefa individual a ser executada. Estudar, ensinar, aprender, ajudar e servir, dentro de nossas possibilidades, respeitando o tempo e o jeito de ser do outro.
“E acima de tudo, unidos sempre. Assim venceremos.”
Busquemos ser as “Virtudes do Céu”, levando a mensagem libertadora do amor a todos que passam pelo nosso caminho, conforme o Mestre Jesus nos convidou. Diante das dificuldades, sofrimentos e decepções, lembremo-nos Dele, que é o nosso guia e modelo do homem regenerado a caminho da plenitude.

Ladimir Freitas

¹ Texto baseado no Capítulo 8 – Unidos Sempre do Livro Mediunidade e
Sintonia, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
² Capítulo 20 – Da influência moral do médium – item 226 questão 5a do
livro O Livro dos Médiuns de Allan Kardec.
³ Capítulo 29 – Das reuniões e das Sociedades Espíritas – item 350 do
livro O Livro dos Médiuns de Allan Kardec.

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